Economia
Sábado, 29 de junho de 2024

Estados precisarão subir ICMS para compensar perdas; entenda impacto na inflação

Em junho, o presidente Jair Bolsonaro sancionou um projeto de lei que estabelece um teto para o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveisenergia elétrica e telecomunicações.

No entanto, isso gerou uma perda de arrecadação para os governos estaduais que impactam na prestação dos serviços públicos. Caso os Estados queiram compensar essa perda, será necessário reverter essa limitação do ICMS.

Pelo menos é isso que indica uma pesquisa realizada pelo Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz). De acordo com os cálculos, o impacto nas arrecadações foi de R$ 124 bilhões.

Para recompor o orçamento, os governos estaduais teriam que elevar a alíquota média padrão do ICMS em quatro pontos porcentuais a partir de 2023, passando de 17,5% para 21,5%.

Segundo a Comsefaz, a elevação da alíquota do ICMS poderia proporcionar R$ 33,5 bilhões aos cofres públicos.

Dos 20 Estados pesquisados, 18 registraram queda na arrecadação das blue chips (combustíveisenergia elétrica e comunicação) de R$ 17 bilhões para R$ 10 bilhões.

Em relação ao total do ICMS arrecadado pelos estados pesquisados, energia elétrica passou a corresponder a 7% da arrecadação e comunicação a 2 %.

Já a gasolina corresponde a 6% da arrecadação e o etanol a 0,7%. O diesel, por sua vez, passou a responder por 5,6% da arrecadação e os demais combustíveis a 3,4%.

Veja quanto cada Estado teria que elevar a alíquota do ICMS para compensar perda de arrecadação

EstadoICMS atualICMS idealValor recuperado
Acre17%20%R$ 203 milhões
Ceará18%21,4%R$ 2,16 bilhões
Distrito Federal18%22,5%R$ 1,15 bilhão
Espírito Santo17%21,1%R$ 1,64 bilhão
Goiás17%24,2%R$ 5,32 bilhões
Mato Grosso do Sul17%20,7%R$ 1,20 bilhão
Mato Grosso17%20,2%R$ 1,10 bilhão
Pará17%21,5%R$ 1,99 bilhão
Paraíba18%23,6%R$ 1,05 bilhão
Pernambuco18%20,5%R$ 2,43 bilhões
Piauí18%24,1%R$ 779 milhões
Paraná18%23,5%R$ 4,92 bilhões
Rio Grande do Norte18%22,3%R$ 867 milhões
Roraima17%19,6%R$ 76 milhões
Rio Grande do Sul17%20,9%R$ 4,25 bilhões
Santa Catarina17%20,7%R$ 3,44 bilhões
Sergipe18%22,7%R$ 450 milhões
Tocantins18%22,8%R$ 499 milhões
Brasil17,5%21,5%R$ 33,5 bilhões 

Impacto do ICMS na inflação

A limitação do ICMS foi promovida pelo governo federal como uma forma de controlar os preços dos combustíveis que estava alto e pressionando a inflação.

Isso resultou em três meses consecutivos de deflação no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O indicador apresentou resultados negativos em julho (-0,68%), agosto (-0,36%) e setembro (-0,29%).

Em outubro, a medida perdeu força, resultando em uma alta de 0,59%. Caso a alíquota volte a subir, a inflação também deve ganhar um impulso.

O Banco Central está de olho nas movimentações inflacionárias e a projeção é de que haja um reajuste de 0,25 ponto percentual na Selic em fevereiro ou março do ano que vem, dependendo dos efeitos da PEC de Transição.

Fonte: Money Times