No Mundo
Terça-feira, 23 de julho de 2024

Empresários dos EUA buscam oportunidades de negócios em Cuba, apesar do embargo

Quase 30 empresários americanos e cubano-americanos estão reunidos em Havana, desde quarta-feira (26), para analisar oportunidades de negócios em Cuba, apesar do embargo imposto por Washington contra o governo da ilha, em vigor há seis décadas.

“Vamos examinar todo o espectro de possíveis negócios, dos quais podemos participar em Cuba”, disse Philip Peters, diretor da Focus Cuba, uma consultoria dos Estados Unidos que promove negócios com a ilha, na abertura de uma conferência que reúne empresários de ambos os países até sexta-feira (28).

Peters, que falou em espanhol, explicou que, quando a Focus Cuba concebeu o encontro, acreditava que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, “fosse cumprir sua palavra de, em grande medida, voltar às políticas do governo de Barack Obama” (2009-2017) a respeito de Cuba, mas lamentou que “não tenha sido assim”.

Ao chegar à Casa Branca em janeiro de 2021, Biden, que foi vice-presidente de Obama, prometeu rever a política cubana de seu antecessor, Donald Trump, que reforçou o embargo imposto a Cuba desde 1962. Depois, o democrata endureceu seu discurso, na esteira do resultado dos protestos multitudinários contra o governo cubano, em julho de 2021.

A Conferência Empresarial Cuba-Estados Unidos conta com a participação de 27 representantes de 14 empresas americanas, ou cubano-americanas, incluindo setores como agricultura, transportes, finanças e tecnologia.

“Podemos esperar avanços em algumas áreas”, porque “está-se falando sobre a retirada de Cuba da lista de nações patrocinadoras do terrorismo, e isso pode ajudar”, disse à imprensa o advogado americano Robert Muse, também presente no evento.

Em janeiro de 2021, nos últimos dias de seu governo, Trump devolveu Cuba a essa lista negativa, o que gera sérios obstáculos ao comércio e aos investimentos na ilha. Obama havia retirado Cuba dessa lista em 2015, no âmbito de sua política de reaproximação com Havana.

Muse destacou que, “agora, tem muito interesse dos Estados Unidos na nova Lei de Investimento Estrangeiro de Cuba”.

Nessa mesma linha, o presidente da Câmara de Comércio de Cuba, Antonio Luis Carricarte, considerou que os Estados Unidos poderiam “participar de uma maneira mais significativa” do comércio com Cuba, “dada a proximidade, a posição que (o país) tem na economia internacional e sua competitividade”.

Segundo ele, dos mais de US$ 8 bilhões que a ilha gastou em importações em 2021, apenas US$ 370 milhões corresponderam a compras dos Estados Unidos.

Essas importações, principalmente de alimentos, acontecem, graças a uma licença concedida pelo Departamento do Tesouro em 2000 e que obriga a ilha a pagar em dinheiro e não transportar a carga em navios cubanos.

“Isto pode ilustrar as oportunidades que (…) os empresários desse país estão perdendo”, acrescentou Carricarte, convidando-os a “aproveitar essas brechas” deixadas pelo embargo “para avaliar como aumentar, de uma maneira significativa”, sua participação nos negócios com Cuba.

Fonte: AFP