Economia
Domingo, 5 de maio de 2024

Ibovespa recua 0,61% com aversão a riscos; dólar sobe a R$ 5,26

Foco das atenções entre investidores, o banco central dos Estados Unidos realizará uma reunião de política monetária na próxima semana

Ibovespa recuou 0,61%, cotado aos 109.280,37 pontos, nesta sexta-feira (16), no que é o quarto pregão seguido de queda, com perdas de quase 2,77% na semana. A sessão foi influenciada pelo dia negativo nas bolsas do exterior, conforme os investidores operam com cautela à espera de decisões de juros na próxima semana.

 dólar avançou 0,41%, encerrando a R$ 5,26, favorecido pela continuidade da aversão a riscos entre investidores em meio à intensificação de temores de uma recessão global, conforme países tentam combater níveis recordes de inflação e por receios persistentes sobre um ciclo de alta de juros muito agressivo nos Estados Unidos.

Com o valor desta sexta, a moeda norte-americana renovou sua maior cotação para encerramento desde 3 de agosto (R$ 5,28), embora tenha fechado a sessão bem abaixo da máxima intradiária, de R$ 5,31 reais (+1,36%)

O foco dos investidores agora é a reunião de política monetária nos Estados Unidos na próxima semana, em 21 de setembro. O encontro deve dar novos sinais sobre os próximos passos do ciclo de alta de juros no país. O Brasil também definirá sua taxa de juros, com reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Principal indicador divulgado nesta semana, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de agosto nos Estados Unidos desacelerou no acumulado de 12 meses para 8,3%, mas teve variação mensal positiva de 0,1%, com alta no núcleo.

O dado frustrou o mercado, que projetava deflação de 0,1% na comparação mensal, e agora passou a esperar uma política monetária do Federal Reserve mais agressiva.

Uma alta de 0,75 ponto percentual nos juros em setembro ainda é a opinião majoritária do mercado, mas o IPC abriu margem para apostas em uma elevação ainda maior, de 1 p.p. Além disso, levou a apostas de um ciclo mais duro, com altas maiores em novembro e dezembro. Com isso, o cenário ficou mais positivo para a moeda norte-americana.

Banco Central realizará neste pregão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 3 de outubro de 2022.

Na quinta-feira (15), o dólar avançou 1,18%, a R$ 5,239. Já o Ibovespa recuou 0,54%, aos 109.953,65 pontos.

Sentimento global

A aversão global a riscos dos investidores, desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, tem variado de intensidade dependendo das expectativas sobre o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos.

O processo de elevação da taxa norte-americana continuou em julho com uma nova alta de 0,75 ponto percentual.

Entretanto, o Federal Reserve sinalizou que poderia realizar altas menores conforme a economia do país já dá sinais de desaceleração, buscando evitar uma recessão.

Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança, e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.

Os investidores monitoram ainda a situação da economia da China, que também dá sinais de desaceleração ligados a uma série de lockdowns em cidades relevantes. A expectativa é que o governo chinês intensifique um esforço para estimular a economia, enquanto enfrenta dificuldades para reverter um quadro de baixo consumo pela população, o que impacta a demanda do país por commodities.

Mesmo assim, o Ibovespa e o real encontraram recentemente espaço para recuperação com uma melhora de humor do mercado, apoiada nas perspectivas positivas para as commodities, um cenário econômico doméstico mais forte e uma redução da percepção de riscos em relação às eleições. Esse quadro, entretanto, é limitado dependendo do grau de aversão a riscos no exterior.

Fonte: CNN