Negócios
Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Ela criou uma empresa de obras para empregar e atender mulheres

A mãe de Geisa Garibald foi a inspiração para a escolha de sua profissão. Desde a infância, ela acompanhou a matriarca fazendo reformas. “Minha mãe trabalhava como empregada doméstica, mas era a pessoa que fazia as coisas em casa”, diz a empreendedora, hoje com 38 anos. “Apesar de não trabalhar com obras, ela tinha muito conhecimento e chegou a levantar a nossa casa.”

O legado da mãe a acompanha na Concreto Rosa, empresa que oferece serviços de obras, atendendo e empregando prioritariamente mulheres, que representam sete das nove pessoas na equipe. Com sede no Rio de Janeiro, o negócio fatura hoje cerca de R$ 120 mil por ano — a expectativa é fechar 2022 com receita de R$ 200 mil.

A empreendedora conta que, antes de fundar o negócio, teve diversas profissões — já chegou até a fazer cursos de teatro e foi cabeleireira. No entanto, quando teve o primeiro filho, viu como seria difícil conciliar a maternidade com trabalhos com os quais não se identificava. Na época, ela trabalhava como balconista de farmácia.

Garibaldi então se lembrou de um hábito que tinha desde os 18 anos. “Quando eu queria alugar uma casa, eu negociava o valor falando que faria reformas no local”, afirma. “A minha proposta sempre foi essa. Por mais simples que a minha casa fosse, eu queria que ela fosse cuidada. Então comecei a negociar obras.”

Então, decidiu que transformaria o hábito em negócio e foi atrás de formação. Inscreveu-se no Projeto Mão na Massa para fazer um curso de como trabalhar em obras. “Eu não queria apenas começar a trabalhar sem ter um conhecimento que eu pudesse comprovar”, afirma. Após o final das aulas práticas e teóricas, em 2015, ela começou a oferecer seus serviços — especialmente pelas redes sociais — por meio da Concreto Rosa. 

O objetivo da empreendedora sempre foi empregar e atender prioritariamente mulheres. “Comecei a receber mensagens de mulheres interessadas em trabalhar comigo, e passei a ensinar ao mesmo tempo que fazia obras para que elas aprendessem na prática”, diz  Garibaldi.

A atuação também a mostrou quão importante era o seu serviço para que as mulheres se sentissem mais seguras. “A importância desse trabalho vai muito além de realizar um serviço. Criamos laços de confiança, transparência e credibilidade. Muitas mulheres que moram sozinhas sentem medo de receber profissionais homens. Uma cliente comentou que ficou três meses com chuveiro gelado porque não queria chamar um homem para fazer o conserto”, afirma.

Na pandemia, Garibaldi conta que levou um grande choque. Na época, ela estava fechando o contrato de um grande projeto de obra — que foi interrompida devido à crise sanitária. Ainda assim, a empresa, como fornecedora de serviço essencial, continuou operando. “Realizei serviços mais pontuais de pessoas que estavam sem água e energia elétrica, por exemplo. Não tinha como as pessoas ficarem sem estes itens em casa”, afirma. Ao mesmo tempo, passou a oferecer palestras de empreendedorismo e cobrar pelo conteúdo. 

Agora, a empreendedora tem objetivo de estimular mais mulheres a terem seu próprio negócio no setor — especialmente as que estão em situação de vulnerabilidade e instabilidade financeira. Para isso, pretende fazer parcerias com secretarias da habitação de prefeituras de todo o Brasil para oferecer oficinas itinerantes. O projeto-piloto começará ainda neste mês, em Mogi das Cruzes, São Paulo.

Fonte: Revista PEGN