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Sábado, 29 de junho de 2024

Espaçolaser despenca na bolsa com diluição em aumento de capital

Capitalização pode diluir acionistas em até 32,4%; ações caem 14%

A ação da Espaçolaser despenca 14% na B3, repercutindo o anúncio feito pela companhia, ontem à noite, de aumento de capital com emissão de novas ações. Segundo a rede de clínicas de depilação, o volume mínimo será de R$ 85 milhões, mas o aumento de capital pode chegar a R$ 225 milhões. Equivale a quase metade do market cap atual, de R$ 505 milhões.

O aumento de capital vai dispor até 117,1 milhões de novas ações ordinárias, a R$ 1,92 por papel, desconto de 13% sobre o valor de abertura hoje — o que também provoca o ajuste de preços no mercado à vista. Vale lembrar que a companhia fez IPO em janeiro do ano passado, vendendo a ação a R$ 17,90.

“As razões o fortalecimento da estrutura de capital, a melhora de posição de caixa e a redução da alavancagem financeira consolidada da companhia”, diz a companhia em fato relevante.

Um grupo de acionistas de referência, formado por Ygor de Moura, Paulo José de Morais, Mafalda Pinto, além das gestoras SMZXP e da Magnólia, se comprometeu a subscrever na totalidade de seus direitos de preferência. Juntos, esses acionistas detêm 39,6% da companhia — o que resulta um aumento de capital de pelo menos R$ 89 milhões.

Ainda que cause volatilidade e provoque diluição, a capitalização parece o caminho a seguir para recolocar a empresa de pé. O Goldman Sachs nota que a companhia precisa reduzir a alavancagem financeira líquida, que atingiu 3,1x no segundo trimestre deste ano — uma série de debêntures da empresa, no valor de R$ 260 milhões, tem um covenant que será descumprido caso a alavancagem fique acima de 2,5x por dois trimestres consecutivos ou três trimestres no total dentro do prazo de dois anos.

“Embora este primeiro alcance do limiar não constitua formalmente uma violação do covenant, definitivamente vale a pena monitorar”, diz o relatório do banco. Nas contas do Goldman, o aumento de capital pode ajudar a reduzir a alavancagem da companhia para até 2,2x ou 2,8x na relação dívida líquida sobre o Ebitda.

Com queda de demanda e pressão na rentabilidade, a Espaçolaser trocou o comando em junho – anunciou a vinda de Paulo Camargo, então na Arcos Dorados, para assumir o posto de CEO. Em conversas com investidores, o novo administrador tem afirmado que seu foco é implementar novas estratégias de preço, trazendo sua experiência com a segmentação de clientes.

O plano é flexibilizar a precificação por microrregião, levando em conta a concorrência, deixando para trás o modelo de preços tabelados para todo o país e as políticas de desconto padronizadas.

Fonte: Valor Pipeline