O dólar fechou em queda de 0,98%, cotado a R$ 4,871, nesta sexta-feira (20), após refletir um otimismo maior por parte dos investidores depois que a China anunciou um corte na taxa de juros de referência para hipotecas maior que o previsto, em um esforço para estimular a economia do país.
A baixa veio depois de a moeda já ter recuado 1,24% na véspera, ajudando a consolidar uma desvalorização de 3,69% em relação ao fechamento da última sexta-feira (13), o pior desempenho semanal do dólar desde o tombo de mais de 5% visto no período findo em 25 de março passado.
A divisa norte-americana fechou abaixo de sua média móvel linear de 50 dias, de R$ 4,8919, um patamar técnico importante.
O Ibovespa subiu 1,39%, aos 108.487,88 pontos, depois que as ações ligadas a commodities e bancos avançaram em meio a uma redução da aversão a riscos pelos investidores após a decisão chinesa.
A medida tende a beneficiar países que exportam para a China, caso do Brasil, ao gerar um aumento na demanda por commodities e alta no preço dos produtos. Ao mesmo tempo, o esforço alivia a cautela nos mercados ao reduzir temores de uma possível recessão ou forte desaceleração nas maiores economias do mundo.
Neste pregão, o Banco Central fez leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de julho de 2022. A operação do BC pode ajudar a dar liquidez na moeda, mas especialistas consultados pelo CNN Brasil Business apontam que o órgão poderia atuar mais para conter a volatilidade do câmbio.
Na quinta-feira (19), o dólar 1,24%, a R$ 4,919. Já o Ibovespa teve alta de 0,71%, aos 107.005,22 pontos.
China
A China cortou sua taxa de referência para hipotecas por uma margem inesperadamente ampla na sexta-feira, sua segunda redução este ano conforme Pequim procura reanimar o setor habitacional para sustentar a economia.
Autoridades prometeram novas medidas para combater a desaceleração na segunda maior economia do mundo, atingida pelos surtos de Covid-19 que provocaram medidas rigorosas e restrições de mobilidade, e causaram enormes interrupções na atividade.
A China, em uma fixação mensal, reduziu a taxa primária de empréstimo (LPR) de cinco anos em 15 pontos base, para 4,45%, a maior redução desde que a China renovou o mecanismo de taxas de juros em 2019 e mais do que os cinco ou 10 pontos apontados pela maioria em uma pesquisa da Reuters. A LPR de um ano ficou inalterada em 3,70%.
Muitos economistas do setor privado esperam que a economia da China encolha neste trimestre em relação ao ano anterior, em comparação com crescimento de 4,8% do primeiro trimestre. Indicadores recentes mostraram que as medidas rigorosas relacionadas à Covid-19 e as restrições de mobilidade têm um grande impacto.
Pessimismo global
O instigador mais recente da aversão global a riscos foi a alta de juros nos Estados Unidos, anunciada pelo Federal Reserve em 4 de maio. Apesar de descartar altas de 0,75 p.p. ou um risco de recessão, a autarquia sinalizou ao menos mais duas altas de 0,5 p.p.
Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança, mas prejudica as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.
Junto com uma série de elevações de juros pelo mundo, os lockdowns na China para tentar conter a Covid-19 aumentaram as projeções de uma forte desaceleração econômica, e até risco de uma recessão global, prejudicando os mercados e aumentando a aversão a riscos de investidores.
O crescimento das exportações chinesas chegou a desacelerar a um dígito, nível mais fraco em quase dois anos, enquanto as importações mal mudaram em abril, ampliando as preocupações.
Entretanto, com a perspectiva de que essas restrições possam ser retiradas entre maio e junho, a expectativa é que a demanda chinesa retorne aos níveis anteriores, o que voltaria a favorecer exportadores de commodities e aliviaria uma parte das pressões sobre o real.
Fonte: CNN