Economia
Domingo, 28 de abril de 2024

O filme de terror da Netflix: competição aperta e base de assinantes encolhe

Ações caem quase 26% com projeção pessimista sobre audiência paga

As ações da Netflix derretem 25,9% no after-hours americano com a divulgação da primeira perda líquida de assinantes em uma década e com a projeção de que a debandada do streaming será ainda maior. A companhia perdeu 200 mil assinantes no primeiro trimestre, sendo que a última vez que reportou baixa foi em 2011, lembrou o site Business Insider.

Investidores esperavam aumento de 2,6 milhões de assinantes no período, o que era perto do guidance da companhia, de 2,5 milhões novos clientes.

No trimestre, a companhia teve impacto de 700 mil contas ao suspender a operação na Rússia, devido à guerra do país com a Ucrânia. O volume de novos assinantes não foi capaz de cobrir toda essa baixa no número final. Excluindo esse efeito da operação russa, a companhia diz que teria adição líquida de 500 mil assinantes de janeiro a março.

Mas a histeria na bolsa não veio daí e sim da sinalização da empresa de que pode ser só o começo de uma correção que pouco tem a ver com a guerra. A estimativa da companhia é uma baixa de 2 milhões de assinantes no segundo trimestre. Na carta anual aos acionistas, a Netflix diz que sua alta penetração em residências, em termos relativos, e a maior competição estão entre as razões para a projeção. O impacto vinha sendo postergado pela demanda temporária durante a pandemia, avaliou.

Não é à toa que o streaming está tentando formas de reduzir o impacto das senhas compartilhadas, que dispensam parte relevante dos usuários de pagar a mensalidade. A estimativa da Netflix é que 100 milhões de casas acessem seu serviço no “freeloading”. A América Latina é uma das regiões com número elevado de compartilhamentos.

“A Netflix está aprendendo na marra que o negócio de financiar toda a cadeia de produção de conteúdo é difícil de fechar a conta”, diz Thiago Lobão, CEO da Catarina Capital, que investe em ações americanas. Ele lembra que o streaming tem defendido receita com alta de preços, o que também pode afetar a base de usuários em certa medida. “Mesmo com crescimento mais acanhado, a companhia tem buscado formas de se manter de pé de forma lucrativa.”

O avanço de streamings como HBOMax, Prime, Disney+, Paramount+, AppleTV também aperta a disputa por espaço nas telas e no bolso dos espectadores.

Fonte: Valor Pipeline