Economia
Sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Taco Bell prevê 250 lojas no Brasil até 2028, mas Credit Suisse lista desafios

Controlada pela holding americana Yum Brands, a Taco Bell desembarcou no Brasil em 2016, pelas mãos da Sforza, gestora do empresário Carlos Wizard. Desde então, a rede de fast food de comida mexicana teve um avanço tímido no País, onde opera 30 unidades, sendo 25 em São Paulo e 5 no Rio de Janeiro.

Os números são ainda menos representativos quando comparados aos mais de 7,5 mil restaurantes da marca em sua operação global. A perspectiva, porém, é de que a rede ganhe muito mais visibilidade nos próximos anos e acirre a competição no cardápio de opções do mercado brasileiro de fast-food.

Essa é uma das conclusões de um relatório divulgado nesta segunda-feira, 31 de janeiro, pelo Credit Suisse, a partir de uma conversa realizada com Cesar Antonelli, CEO da operação local da marca. O banco destaca, no entanto, algumas barreiras para que esse novo cenário se concretize.

As projeções do relatório têm como ponto de partida o plano de expansão local mais agressivo desenhado pela Taco Bell até 2028. Nesse intervalo, a rede prevê inaugurar 250 restaurantes no País, dos quais, entre 15 e 20 unidades em 2022, com um aporte entre R$ 2,5 milhões e R$ 3 milhões por loja.

Caso o plano em questão seja concretizado, a subsidiária brasileira passaria a figurar entre as dez principais operações da Taco Bell no mundo, ressaltam as analistas Marcella Recchia e Fernanda Sayão, que apontam ainda um potencial para a marca entre 400 e 500 lojas no País.

“Embora isso sugira um aumento de concorrência, o setor ainda oferece espaço para a consolidação de grandes redes, já que o mercado brasileiro de fast food ainda é altamente subpenetrado em relação a mercados desenvolvidos como os Estados Unidos, onde a proporção de cadeias para marcas independentes é de cerca de 80% para 20%”, escrevem as analistas.

A rede fechou 2021 com uma receita de R$ 80 milhões no mercado brasileiro, o que representou um crescimento de 25% na comparação com os indicadores pré-pandemia. Nesse balanço, as vendas mensais de cada unidade giram em torno de R$ 280 mil, com margem ebtida entre 10% e 20%, sendo que 98% das lojas já são lucrativas.

O Credit Suisse observa que, no ano passado, esses números ganharam o reforço incremental dos serviços de delivery. As analistas do banco destacam, porém, que a rede ainda tem a tarefa de encontrar margens mais sustentáveis nesse braço mais recente.

“Com o objetivo de equilibrar um pouco a maior pressão de custos, a Taco Bell está aumentando seu menu de entrega. A empresa espera que as vendas via delivery representem de 30% a 35% daqui para frente”, pontuam as analistas, destacando que esses índices estão bem acima do patamar de 15% previsto pelas operações locais do Burger King e do McDonald’s.

Outro ingrediente a ser digerido no plano da Taco Bell são as vendas das lojas em shopping centers, que se mantiveram abaixo dos níveis pré-pandemia em 2021, apesar de registrarem um tíquete médio mais elevado, justamente por conta dos serviços de delivery.

Há outros desafios no caminho da rede de fast food, segundo o Credit Suisse. O principal deles é a necessidade de desenvolver o conhecimento da marca e superar barreiras culturais junto ao consumidor brasileiro.

Nessa direção, a Taco Bell enxerga as unidades em shopping centers como um dos principais recursos para a construção do reconhecimento da sua marca, em função do fluxo natural de consumidores nesses empreendimentos e, em particular, em suas praças de alimentação. “Assim, a Taco Bell deve priorizar a abertura de lojas em shoppings ao entrar em novos estados”, concluem as analistas.

Fora do Brasil, a Taco Bell, avaliada em US$ 35,8 bilhões, tem como uma das suas principais apostas recentes um serviço de assinatura, que dá direito a um taco por dia, por cerca de US$ 10. Inicialmente, o modelo está sendo testado apenas nas lojas da marca nos Estados Unidos.

Fonte: Neofeed