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Quinta-feira, 7 de novembro de 2024

País cria 2,7 milhões de vagas de emprego formal em 2021, aponta Caged

O país criou 2,7 milhões de vagas de emprego formal em 2021, segundo números publicados nesta segunda-feira (31) pelo governo por meio do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
O saldo decorre de 20,6 milhões de admissões e 17,9 milhões de desligamentos, de acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência. Apesar do resultado positivo, analistas esperam uma desaceleração nos números em 2022.
O saldo de 2021 mostra uma reversão em relação ao ano anterior, quando o resultado líquido foi de 191,5 mil desligamentos (considerando resultados atualizados pela pasta). Naquele ano, o país enfrentava um momento mais severo na economia devido à chegada da Covid-19 e as consequentes medidas de distanciamento social.
O Caged passou a ter uma nova metodologia no começo de 2020. Por isso, a comparação com anos anteriores a esse fica prejudicada.
O setor de serviços liderou a abertura de vagas em 2021, com criação de 1,2 milhão de postos. Nesse caso, abriu vagas principalmente o segmento de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (com 663,8 mil postos criados).
O setor de serviços apresentou melhora principalmente pela reabertura de atividades em relação a 2020, quando as medidas de isolamento social estavam em nível mais rígido.
Em seguida na lista de desempenho por setor, estão comércio (abertura de 643,7 mil postos), indústria (475,1 mil postos), construção (244,7 mil) e agricultura (140,9 mil).
Todas as regiões registraram criação de vagas no ano. O Sudeste liderou com 1,3 milhão de postos criados, seguido por Sul (480,7 mil), Nordeste (474,5 mil), Centro-Oeste (263,3 mil) e Norte (154,6 mil).
Apesar da criação de vagas, o salário médio real de admissão teve queda real de 6% em relação a um ano antes -para R$ 1.793,34.
Bruno Dalcolmo, secretário-executivo de Trabalho e Previdência, afirmou que “não há uma preocupação” quanto à queda nos salários.
Segundo ele, em momentos de crise econômica os salários médios sobem porque as empresas contratam quem tem especialização maior; em momentos de recuperação acontece o inverso, com contratação de pessoas de menor instrução. Analistas têm avaliação semelhante.
“Claro que uma queda de salários não pode ser dita como bem recebida, mas a gente entende como um movimento natural de uma economia que se aquece e gera mais empregos. É natural o movimento de redução de salário médio de contratação”, afirmou Dalcolmo.
Luís Felipe de Oliveira, secretário do Trabalho, destacou que há mais pessoas procurando emprego e tendo sucesso na busca -mesmo em um momento ainda de pandemia e com restrições de produção.
“Muitos diziam que haveria uma pressão na retomada pelo fato de as pessoas voltarem a buscar emprego e não encontrarem, [mas] o que temos visto é que tem caído quase meio ponto percentual a cada mês a taxa de desemprego [considerando a Pnad Contínua, do IBGE]”, afirmou.
Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores, afirma que os dados são resultado do avanço da vacinação, da nova metodologia do Caged (que gera saldos maiores) e dos efeitos do BEm (Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda, que permitiu suspensão temporária dos contratos de trabalho ou redução de salário e jornada).
No cômputo geral, diz o economista, os números mostram uma recuperação do Caged aos níveis pré-pandemia -mas que isso ainda não é realidade para alguns segmentos de serviços, como alojamento e alimentação. O término do BEm e outros motivos vão limitar o desempenho em 2022, afirma.
“Os resultados de dezembro de 2021 corroboram nossa expectativa de que o saldo de vagas formais nos próximos meses continuará a desacelerar”, diz Imaizumi. “A própria desaceleração da atividade econômica em curso […] deve contribuir para um ritmo mais brando de admissões”, diz ele, que espera criação líquida de 895 mil vagas em 2022.
Rodolfo Margato, economista da XP, diz que os resultados vistos no ano passado corroboram a visão de resiliência do mercado de trabalho formal em meio à pandemia, como reflexo dos estímulos monetários e fiscais massivos adotados desde 2020 -com destaque para o BEm.
Apesar disso, os dados de 2022 apontam para uma criação de vagas menos forte. “Acreditamos que o emprego formal continuará a subir ao longo de 2022, ainda que em ritmo mais moderado. A dissipação dos benefícios do programa BEm e o arrefecimento contínuo das admissões devido ao enfraquecimento da demanda doméstica são as principais razões por trás desse cenário”, afirma.
Margato espera criação líquida de 950 mil empregos formais em 2022, resultado de uma média mensal aproximada de 100 mil vagas abertas no primeiro semestre e 60 mil no segundo semestre.
Os dados do Caged têm mostrado diferença entre o resultado divulgado a cada mês pelo governo e revisões feitas posteriormente.
O governo revisou os dados do mercado de trabalho em 2020, por exemplo. O ano, que registrava até então a criação de 75,9 mil vagas, passou a apresentar um corte líquido de vagas.
O resultado positivo em 2021 foi registrado apesar de um fechamento líquido em dezembro, o que é tradicional no Caged devido ao desligamento de temporários após as contratações em meses anteriores para a produção de fim de ano. Houve corte de 265 mil postos no mês.
O ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, disse que os dados foram alcançados apesar de medidas tomadas por prefeitos e governadores para limitar a pandemia e que estudos internacionais embasariam que tais políticas não funcionaram -mas, quando tais estudos foram solicitados, o ministério não enviou nenhum.
“Estão aí estudos internacionais que mostram que o lockdown não funcionou, que o lockdown foi um fracasso, e aquele discurso de ‘fique em casa que a economia a gente vê depois’ trouxe resultados catastróficos para as nações que adotaram de maneira absoluta”, afirmou, sem detalhes e sem ficar para a sessão de perguntas.

Fonte: FolhaPress/Fábio Pupo