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Quarta-feira, 3 de julho de 2024

Bolsa volta a subir com alívio sobre tensões políticas e fiscal

Bolsa e câmbio abriram nesta quinta-feira (20) refletindo sinais de alívio na polarização política e no risco fiscal doméstico e, principalmente, respondendo a um contexto internacional mais favorável aos negócios no Brasil.
O Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores brasileira, subia 0,98% às 11h51, a 109.098 pontos. O dólar recuava 0,95%, a R$ 5,4250. Na véspera, a Bolsa já tinha subido 1,26%. A moeda americana havia recuado 1,70%.
Parte do mercado avalia que a fala do ex-presidente Lula (PT), que defendeu a união com Geraldo Alckmin (sem partido), levou aos investidores a mensagem de que o líder nas pesquisas de intenção de voto está procurando se afastar da polarização que vem dominando o cenário político do país.
Além disso, houve algum alívio nos temores fiscais, após notícias de que o governo do presidente Jair Bolsonaro reduziu as perspectivas de reajustes salariais para servidores públicos.
Existe também um contexto global que explica a alta da Bolsa e a queda no câmbio nos últimos dias.
Petróleo e minério de ferro, commodities importantes para o mercado brasileiro, estão se valorizando. Isso atrai investidores estrangeiros e também aumenta o fluxo de dólares para o país.
No caso do minério, a principal responsável pela alta é a China. O país, maior consumidor da matéria-prima, vem anunciando estímulos econômicos e isso deve amenizar a crise no seu setor imobiliário.
Boa parte das bolsas na Ásia fecharam em alta após Pequim reduzir suas taxas de juros de referência, destacou a Ativa Investimentos em seu boletim matinal.
Quanto ao petróleo, a maior cotação em sete anos é resultado da oferta restrita mantida pela Opep (organização de países exportadores) e das preocupações com conflitos no Oriente Médio e, principalmente, da escalada de ameaças entre as principais potências ocidentais e a Rússia, que mobiliza tropas para uma eventual invasão à Ucrânia.
O barril do Brent, referência mundial, recuava 0,35%, a US$ 88,13 (R$ 484,46). Apesar da leve queda, a commodity sustentava a maior cotação desde outubro de 2014.
Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, atribuiu, porém, os ajustes para baixo no dólar e para cima na Bolsa ao fato dos ativos locais estarem baratos.
Ele também diz que os juros altos no Brasil estão atraindo o investidor estrangeiro, independentemente do cenário político. Com a taxa Selic atualmente em 9,25% ao ano, o mercado de renda fixa do Brasil apresenta um retorno interessante.
Mas grandes economias, como os Estados Unidos, já estão se preparando para aumentar os juros, o que pode afetar a atratividade de ativos de países emergentes.
Refletindo apostas de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano), elevará os juros pelo menos quatro vezes em 2022, os rendimentos dos Treasuries (títulos soberanos dos Estados Unidos) de curto prazo foram a máximas em dois anos nesta semana. Isso vem derrubando as Bolsas em Nova York, pois os investimentos em ações se tornam menos atraentes e também mais arriscados em um ambiente de juros elevados.
O rali das taxas já perdeu fôlego, no entanto, com o rendimento do Treasury de dez anos em queda nesta sessão, o que deixava o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes em queda de 0,1%.

Fonte: FolhaPress/Cleyton Castelani