Economia
Terça-feira, 14 de maio de 2024

Água (e conceito) na Caixa: envasadora abre rodada de R$ 23 milhões

Redução de plástico na embalagem e neutralização de emissão de carbono dão apelo ESG à startup em conversas com investidores institucionais

Quem passou reveillón em Trancoso ou em Pipa deve ter notado que as garrafas alcoólicas dividiam os baldinhos com simpáticas caixinhas de água. Marca oficial nos eventos da virada de ano, a Água na Caixa bateu venda de 220 mil unidades em dezembro e quer aproveitar a exposição em grandes eventos – e a proximidade da meta do primeiro milhão em vendas totais de unidades.

A companhia fundada pelos primos Fabiana Tchalian e Rodrigo Gendakien abriu um rodada para levantar R$ 23 milhões, buscando seus primeiros investidores institucionais. O negócio foi iniciado em fevereiro do ano passado com um funding de R$ 3 milhões de family&friends.

A dupla teve a ideia do negócio quando Tchalian viajou aos Estados Unidos, nos idos de 2016, e recebeu uma caixinha Tetrapark ao pedir água mineral em um restaurante – aquela era da marca Boxed Water Is Better.

Por conta do design, a embalagem se destaca nas gôndolas ao lado das demais e atrai a curiosidade de quem pede uma água em estabelecimentos comerciais. A caixinha branca com escrito minimalista em azul foi pensada para fazer com que os consumidores queiram reutilizá-la.

“Pensamos que a caixinha precisava ser bonita a ponto de gerar um conflito para o consumidor do que fazer com ela depois de beber”, diz Tchalian. “Garrafas de vidro muitas vezes não são reutilizáveis porque não fecham direito depois. E as plásticas, apesar de passíveis de reutilização, acabam muitas vezes não sendo pela falta de design e conceito.”

A embalagem é um jeito de se diferenciar num produto em que o conteúdo é basicamente o mesmo – pouca gente se liga para a distinção de origem da água, por exemplo. Mas a proposta da Água na Caixa é embalar também um conceito.

“Acreditamos que não estamos vendendo só água. Estamos falando de consumo consciente, ESG, sustentabilidade e de uma indústria que vai mudar e estamos sendo pioneiros”, afirma Gendakien. A marca é carbono neutra e a embalagem Tetrapak feita com 82% de produtos renováveis e com plástico a partir da cana-de-açúcar, diferente dos plásticos das caixinhas de leite.

A Água na Caixa é ainda uma novata num mercado dominado por grandes companhias de bebida – Coca-Cola tem sua própria marca, assim com a Ambev, que inovou na embalagem em lata e apelo social, sem falar nos tradicionais Águas Prata e grupo Edson Queiroz (Minalba e São Lourenço). Mas não se intimida: tem a ambição de ser a principal marca de consumo de água fora de casa.

Atualmente, está presente em 2 mil pontos de venda no país e deve fechar o primeiro ano de operação, ao fim de janeiro, com faturamento de R$ 3,5 milhões. Com o capital da nova rodada, o objetivo é aumentar a presença nacional e acrescentar ao catálogo águas saborizadas e com gás.

Fonte: Valor Pipeline