O Uber Eats — o serviço de delivery de restaurantes do Uber — vai fechar as portas no Brasil cinco anos depois de começar a operar no País, fontes a par do assunto disseram ao Brazil Journal.
O serviço será desativado no Brasil no dia 7 de março, e a empresa vai comunicar a decisão a restaurantes e clientes em breve.
Segundo as fontes, o movimento faz parte de um reposicionamento global do Uber, que está revisando seu portfólio e fechando operações que não são rentáveis em vários mercados.
O plano é continuar trabalhando com o delivery no Brasil, mas direcionando os esforços para seus outros três serviços de entrega.
Nessa vertical, o Uber opera a Cornershop, a startup de entregas de supermercados adquirida em 2019; o Uber Flash, que entrega pacotes; e o Uber Direct, um serviço B2B de entregas rápidas que já atende empresas como Telhanorte e FastShop.
O timing do fechamento chama a atenção: nos últimos dois anos, o setor de delivery foi um dos maiores beneficiários da pandemia, que obrigou muita gente a viver à base de entregas.
Mas o Uber Eats vinha sofrendo no Brasil em grande parte pela dinâmica do mercado local.
Fontes próximas à empresa disseram que, dentro do Uber, a avaliação é de que o iFood se tornou “monopolista” no Brasil, restringindo o acesso de outras plataformas aos pequenos restaurantes.
“O iFood criou uma barreira de mercado brutal, impedindo que os restaurantes se cadastrem em outros marketplaces, e reduzindo a competitividade a ponto de tornar inviável para os novos entrantes,” disse uma das fontes.
A visão é compartilhada por outros players. Há mais de um ano, em novembro de 2020, o Rappi abriu um processo no Cade acusando o iFood de práticas “anti-competitivas”. Meses depois, o Uber se juntou à queixa.
O Cade ainda não se manifestou.
Segundo alguns estudos, o iFood tem um market share de mais de 80% no mercado de delivery de restaurantes, seguido pelo Uber Eats com 10% e pela Rappi com cerca de 5%.
O Uber Eats opera em outros 45 países; apenas a operação do Brasil será encerrada.
No delivery, o principal foco do Uber daqui para frente será a Cornershop. A empresa entende que o segmento de supermercados não enfrenta o mesmo problema dos restaurantes porque envolve grandes grupos de varejo, que querem estar presentes em todas as plataformas e não podem ser pressionadas a acordos de exclusividade.
A Cornershop já está disponível em mais de 100 cidades do Brasil, opera com 600 parceiros (incluindo Pão de Açúcar e Carrefour) e triplicou o número de pedidos no ano passado. A expectativa é triplicar mais uma vez o volume este ano.
Segundo as fontes, o reposicionamento do Uber na vertical de delivery passa por transformar o app do Uber Eats — que já tem milhões de downloads — num aplicativo de delivery mais amplo, unindo a Cornershop, o Direct e o Flash.
O Uber também pretende integrar a Cornershop a seu app de corridas, promovendo o serviço para sua base de mais de 25 milhões de usuários.
O mercado brasileiro de delivery já fez outras vítimas no passado recente.
Em 2019, a espanhola Glovo — outro player de delivery de restaurantes — também jogou a toalha, apenas um ano depois de começar a operar no País.
Fonte: Brazil Journal