Bolsas globais corrigem perdas depois de liquidação no último pregão de novembro; dólar recua
O Ibovespa segue o tom positivo das bolsas globais e avança 1,72%, aos 103.665 pontos por volta das 11h30 desta quarta-feira, 1º. O movimento sinaliza um dia de recuperação para a bolsa brasileira após o tombo generalizado das bolsas globais ontem, que levou o Ibovespa para o quinto mês consecutivo de perdas.
Os investidores estavam receosos com a nova variante Ômicron da Covid e também reagiram à notícia de que os Estados Unidos podem rever sua política monetária antes do esperado. Hoje, no entanto, o cenário já é de correção.
“O mercado refletiu sobre a variante Ômicron e percebeu que as recentes quedas eram causadas por incerteza, e não pessimismo. É bom diferenciar porque, conforme os dados vão aparecendo, a incerteza vai passando”, afirmou Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual digital, no programa Abertura de Mercado desta quarta-feira.
Um dos temores era de que a variante fosse resistente às vacinas, o que pode não ocorrer em casos graves da doença, segundo testes preliminares. Zanlorenzi reforça ainda que o quadro de vacinação no Brasil está bem mais avançado do que na Europa, por exemplo, onde a pandemia voltou a preocupar por conta do alto número de não-vacinados.
Por lá, o índice pan-europeu Stoxx 600 avança 1,29%, enquanto os futuros americanos saltam após recuarem em torno de 1,7% na véspera. O Dow Jones futuro sobe 0,5%, o S&P 500 futuro registra alta de 1,15% e o Nasdaq futuro avança 1,23%.
O dia favorável ao risco também se traduz no câmbio, com o dólar comercial recuando 0,19%, sendo negociado a 5,625 reais. Mais cedo, a moeda caía com mais força e chegou a ser cotada a 5,579 reais.
Os ventos também prometem ser positivos no mercado local. Em Brasília, é esperado que a PEC dos Precatórios seja colocada em votação hoje no Senado, após a aprovação ontem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A PEC libera espaço fiscal em 2022 para o pagamento do novo programa social do governo, o Auxílio Brasil, por meio de uma manobra no cálculo da regra do teto de gastos. A aprovação é vista como positiva pelo mercado, que teme opções piores para as contas públicas.
Destaques de ações
O grande destaque de alta do dia é a petroquímica Braskem (BRKM5), que dispara 6,71%. Já a petroleira PetroRio (PRIO3) avança 3,75%, enquanto a Petrobras (PETR3/PETR4) — segunda empresa com maior participação no Ibovespa — avança cerca de 2,5%, ajudando a impulsionar o índice.
Os papéis reagem à forte alta do petróleo no mercado internacional. O WTI, negociado nos Estados Unidos, sobe 3,54% depois de cair mais de 5% ontem. Já o Brent, referência para os papéis da Petrobras, avança quase 3,52% após uma queda de 3,9% na véspera.
A forte valorização ocorre antes da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados, a Opep+, que se reúne nesta quarta para um encontro de dois dias. Os membros do cartel discutirão se irão aumentar a oferta ou manter as restrições, dado os potenciais efeitos da nova variante do coronavírus na demanda por petróleo.
Desde que a nova ameaça chegou ao mercado, o preço do petróleo Brent já caiu da casa dos 80 dólares por barril para 72 dólares. Segundo a Reuters, analistas estimam que a Opep+ irá acordar um aumento de produção de 400.000 barris por dia a partir de janeiro.
O dia é positivo também para as ações da Vale (VALE3), que avançam 1,57% em linha com o minério de ferro, que subiu 2,05% na China, para 104,49 dólares a tonelada.
O setor bancário também se recupera, com as ações de Inter (BIDI11/BIDI4) subindo quase 5% enquanto BTG Pactual (BPAC11) avança 3,82%. Entre os grandes bancos, o destaque fica com Bradesco (BBDC4), que sobe 2,21%.
Já a ponta negativa fica os frigoríficos Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3), que recuam em torno de 1,7% acompanhando a queda do dólar, desfavorável às exportadoras.
Fonte: Exame