A revisão das projeções econômicas do governo pode limitar os ganhos da bolsa hoje, com o exterior operando sem direção
Embora o dia comece com uma recuperação do Ibovespa, o cenário doméstico está longe de ver uma melhora significativa que justifique o movimento de alta. Muito pelo contrário.
Logo pela manhã, a Secretaria de Política Econômica (SPE) revisou negativamente as projeções do governo para os próximos anos, mas os números ainda são mais otimistas do que os esperados pelo mercado.
No exterior, os investidores aguardam a decisão do presidente Joe Biden sobre quem deve ser o próximo comandante do Federal Reserve. Essa é uma decisão que pode influenciar no ritmo de aperto monetário esperado para os próximos anos.
As bolsas em Nova York começam o dia sem movimento definido, mas o Ibovespa aproveita a agenda mais calma para uma correção. Por volta das 11h, o principal índice da bolsa operava em alta de 0,20%, aos 104.616 pontos.
O dia começou com uma alta de quase 1%, mas a bolsa brasileira repercute o desejo do presidente Jair Bolsonaro de dar reajuste para o funcionalismo público, o que pesa ainda mais na questão fiscal. O dólar à vista abriu o dia em queda, mas agora opera em alta de 0,05%, a R$ 5,5150.
Revisão para baixo
De acordo com a SPE, o governo espera que o PIB cresça 5,30% neste ano, uma queda em relação à última estimativa de alta de 5,10%. Essa projeção está longe das estimativas do mercado, que esperam um avanço na casa de 4,88% das atividades, segundo o Boletim Focus.
Para 2022, mercado e governo discordam mais uma vez. O PIB deve crescer 2,10% contra a última estimativa do governo de avanço 2,50% e distante da alta de 0,93% esperado pelo mercado.
Por sua vez, a inflação foi revisada para cima e deve ficar em 9,70% em 2021, frente a última projeção de alta de 7,90%. O mercado espera que o IPCA encerre o ano na casa dos 9,77%.
Tudo fraco por lá
O exterior opera próximo da estabilidade, com os futuros de Nova York e os índices europeus sem direção definida. Os investidores dessas regiões digerem os dados locais de inflação (CPI, em inglês) da Zona do Euro e os embates envolvendo a sucessão da presidência do Federal Reserve.
O presidente dos EUA, Joe Biden, deve decidir quem assumirá o cargo até o final desta semana. O favorito do mercado é sem dúvidas o atual mandatário Jerome Powell, que deve conduzir os planos de tapering, a retirada dos estímulos da economia americana, nos próximos meses.
Por outro lado, outro nome agrada a ala mais liberal do partido Democrata. A também diretora do Federal Reserve, Lael Brainard, também é um dos nomes cotados para assumir o posto. Ambos já foram sabatinados por Biden nos últimos dias.
Apesar da dúvida, o presidente americano Joe Biden não está na melhor das posições para agradar apenas o seu partido após a aprovação do pacote de US$ 1 trilhão para infraestrutura. Costurar um apoio à medida com o partido Republicano pode fazer Biden optar por não mexer na gestão do BC, tendo em vista que outro assunto mais urgente exigirá mais trabalho político.
Aumenta o teto
O teto da dívida dos Estados Unidos foi estendido até o dia 15 de dezembro, mas os congressistas já iniciaram um movimento para uma nova suspensão do limite de gastos. A secretária do Tesouro, Janet Yellen, já afirmou que o governo pode ficar sem recursos para a máquina pública até o final do ano.
O partido Republicano concorda com essa gastança a mais, desde que a aprovação ocorra por um mecanismo unipartidário. Em outras palavras, se as contas públicas saírem do controle, a fatura será endereçada diretamente ao partido Democrata, o que tem gerado tensão no Congresso americano.
Fonte: SeuDinheiro