A Coreia do Norte confirmou nesta quarta (20) que testou o que chamou de um novo modelo de míssil balístico lançado por submarino, com “muitas tecnologias avançadas de orientação”, segundo a agência de notícias estatal da ditadura.
O teste ocorreu na terça (19) e gerou especulação nos EUA, Japão e Coreia do Sul acerca exatamente de sua natureza. Segundo Seul, o míssil foi lançado perto de Sinpo, a base naval que sedia seus testes com submarinos.
Nas últimas semanas, o regime comunista de Kim Jong-un tem usado sua tática usual de mostrar força enquanto tenta reabrir negociações acerca de seu programa de armas nucleares com Washington. Testou um míssil de cruzeiro de longo alcance, outro disparado de um trem e, supostamente, uma arma hipersônica.
A importância do míssil lançado por submarino, uma tecnologia de que poucos países dispõem, é evidente: até o disparo, sua posição é incerta, e pode ser relativamente próxima da costa do inimigo, reduzindo o tempo de reação.
As imagens sequenciais divulgadas pelo jornal estatal Rodong Sinmun mostram um submarino emergindo, mas não permitem dizer se o lançamento foi dele ou de uma plataforma submersa, como ocorreu num teste em 2019.
Mas elas trouxeram uma evidência: a embarcação usada, o 8.24 Yongung, é o mesmo submarino modificado para testes usado no primeiro lançamento do tipo, em 2015.
Isso indica que ou os norte-coreanos não fizeram progresso no quesito lançador, ou quiseram dizer isso de forma a enganar os vizinhos e o Ocidente. É insondável a esta altura.
Mesmo as limitações do submarino, baseadas em análises de especialistas ocidentais e do Pentágono, são apenas uma especulação. Para Kim, é o que basta: a percepção de que é uma ameaça.
Isso dito, o regime parece ter avançado bastante neste ano em seu programa de mísseis, como forma de engajar o novo governo americano de Joe Biden em uma negociação.
Foi assim em 2017, quando testou assustadores modelos intercontinentais, capazes de atingir território americano com uma ogiva nuclear, ainda que fossem incerta suas capacidades de chegarem inteiros ao alvo.
A partir dali, depois de ser xingado e provocado por Donald Trump, Kim foi tratado como um igual e participou de reuniões infrutíferas de cúpula com o americano. Agora, tudo indica que os contatos serão feitos em escalões inferiores, e mesmo o “telefone vermelho” de contato com Seul foi reativada –embora não usado para alertar sobre o novo teste.
Fonte: FolhaPress/Igor Gielow