Economia
Sexta-feira, 3 de maio de 2024

CEO do Softbank admite que não investir no Nubank foi “um erro”

Quando o Nubank fizer sua estreia na Nasdaq até o fim do ano, valendo algo em torno de US$ 40 bilhões, como tem sido especulado, será uma festa para os fundos de venture capital e investidores que aportaram US$ 2 bilhões no banco digital desde a sua fundação, em 2013.

Mas o Softbank, maior gestora de fundos de venture capital do mundo, vai ficar fora da festa — e não foi por falta de oportunidade, mas sim por “um erro de avaliação”, admitiu recentemente o CEO do SoftBank Group International, Marcelo Claure.

Em uma entrevista ao podcast The Twenty Minute VC, apresentado por Harry Stebbings, Claure admitiu ter perdido a oportunidade de investir no Nubank por achar que o banco digital estava caro demais.

— Perdi o Nubank por conta de preço — admitiu Claure.

Em abril de 2019, Claure chegou a participar de um jantar com Cristiana Junqueira, cofundadora do Nubank. Mas as conversas travaram nos valores do aporte.

Três meses depois, o Nubank acabou levantando US$ 400 milhões numa rodada em que foi avaliado em US$ 10,4 bilhões. No lugar do Softbank entrou o TCV. Poucos dias depois do anúncio do aporte do Nubank, o Softbank entrou no follow on do Inter, pagando quase R$ 1 bilhão por cerca de 10% das ações.

Para Claure, a oportunidade perdida do Nubank mostra que para os grandes fundos, o preço nunca deve ser determinante quando se avalia uma start-up de grande potencial, que está inserida em um mercado gigantesco.

— A chave desse negócio é saber identificar com antecedência se estamos analisando uma empresa onde o preço importa ou não. Pense em Alibaba, Facebook, Google, Amazon. Nessas empresas com oportunidades de mercado imensas, valeu entrar a qualquer preço. O mercado delas é tão grande, que não importa o quanto você pagou no início — disse ele na entrevista.

— Agora, se o mercado ou a oportunidade são menores, você tem que ter mais disciplina. A coisa mais importante que a gente faz é conseguir fazer essa avaliação antecipadamente. Eu deixei passar o Nubank por conta do preço, lá no início das rodadas. Foi um julgamento errado, pois a oportunidade era muito grande. Eu cometi esse erro. Pensei, está muito caro. Mas não me dei conta que o tamanho do mercado era tão grande e que o preço [nesse caso] não importava.

Fonte: O Globo