Internacional
Quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Na Itália de Draghi, a extrema direita ganha terreno com Meloni

Quase todos os partidos políticos se uniram a Mario Draghi quando ele se tornou primeiro-ministro da Itália, com a notável exceção do partido de extrema-direita de Giorgia Meloni, que não para de avançar nas pesquisas.

Meloni, que adotou o lema fascista “Deus, pátria e família”, e seu partido Irmãos da Itália, estão prestes a ultrapassar a Liga, o partido anti-imigação de Matteo Salvini.

Com cerca de 20% das intenções de voto, Irmãos da Itália está entre as primeiras posições para as próximas eleições que darão lugar, segundo os especialistas, ao Parlamento mais de direita desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

As próximas eleições estão previstas para 2023 e Draghi continua sendo o político mais popular, mas Meloni não esconde suas ambições: “Não tenho medo, estou disposta a fazer o que os italianos me pedirem”, afirmou ela em abril à emissora de rádio e televisão pública RAI.

“Me chamo Giorgia”

O Irmãos da Itália se beneficia de ser o único grande partido da oposição ao governo de unidade nacional de Draghi, que reúne uma ampla variedade de partidos, da esquerda à extrema direita com a Liga de Salvini.

“Como único partido da oposição, tem mais tempo de palavra e, principalmente, pode dizer coisas que os partidos membros da coalizão não podem dizer”, afirma Wolfgango Piccoli, presidente da consultora Teneo.

Meloni, de 44 anos, se mostrou muito crítica às restrições vinculadas à covid-19, consideradas excessivas, e foi contra a chegada na Itália de migrantes procedentes do norte da África.

Segundo Piccoli, ela está avançando especialmente por conquistar eleitores da Liga, cujo líder não pode se aproveitar do sentimento anti-elite, já que conta com ministros no governo.

O Irmãos da Itália, que já superou nas intenções de voto o Movimento 5 Estrelas (antissistema e atualmente primeiro partido do Parlamento) e o Partido Democrático (centro-esquerda), alcança agora a Liga.

Meloni se apresenta como uma patriota e defende os valores cristãos tradicionais que, na sua opinião, estão ameaçados pelas elites “globalizadas” e pelos defensores dos direitos dos homossexuais.

Muito presente na mídia, acaba de publicar uma autobiografia chamada “Me chamo Giorgia”, na qual revela detalhes íntimos de sua vida pessoal, como o abandono de seu pai à sua mãe antes de seu nascimento.

Giorgia Meloni, ministra no governo de Silvio Berlusconi entre 2008 e 2011, conta na Europa com aliados com partidos extremistas de direita anti-europeia como o Vox na Espanha e Lei e Justiça (PiS) na Polônia.

A líder do Irmãos da Itália é também defensora do ex-presidente americano Donald Trump.

Para Wolfgango Piccoli, seu partido deve ainda fazer “um pouco de limpeza” em suas raízes neofascistas e reforçar seus líderes.

“Na Itália, vimos que os astros políticos podem deixar de brilhar de um dia para o outro”, alertou.

Fonte: IstoéDinheiro