Internacional
Sábado, 29 de junho de 2024

Advogado de Trump diz que não houve fraude na eleição e que processo democrático funcionou

O Senado americano começou a julgar nesta terça-feira, 9, o impeachment do ex-presidente Donald Trump, e declarou constitucional o processo contra o republicano em votação nesta tarde. Após esta primeira sessão, o julgamento completo deve durar dias e se arrastar até a semana que vem.

O processo foi validado com 56 votos a favor e 44 contra (seis votos a favor sendo de republicanos). Trump é acusado de “incitação à ressureição”, por ter, segundo a acusação, incentivado a invasão do Capitólio e as cenas de guerra orquestradas por extremistas em Washington D.C em 6 de janeiro.

A defesa de Trump argumentava que não era constitucional julgar um presidente que já deixou o cargo, argumento refutado pela maioria dos senadores.

Em um dos momentos mais comentados do dia, em sua sustentação da defesa de Trump, um dos advogados do republicano, Bruce Castor, usou também um argumento “fora da curva” até então: disse que o sistema democrático americano funcionou, o governo foi trocado e, por isso, não entendia o motivo do impeachment.

“A população americana acabou de falar, e acabou de mudar o governo”, diz Bruce Castor. “Então, as pessoas são inteligentes o suficiente para escolher uma nova administração […] se não gostam da anterior. E eles acabaram de fazer isso”, completou, dizendo, portanto, que o sistema eleitoral funciona.

A sessão no Senado começou por volta das 15h (horário de Brasília) e prossegue neste começo de noite. A chance de o impeachment passar é quase nula: são necessários dois terços dos votos, de modo que seria preciso que 16 dos 50 senadores republicanos votassem contra Trump — além dos outros 50 senadores democratas, mais a vice-presidente Kamala Harris, que é presidente do Senado.

Na Câmara, que exigia somente maioria simples, dos 433 congressistas ao todo, dez deputados republicanos votaram a favor do impeachment, o que foi considerado uma surpresa. O impeachment de Trump foi aprovado em 13 de janeiro na Câmara.

É a primeira vez que o Senado julga o impeachment de um presidente que já deixou o cargo. O mandato de Trump acabou no último dia 20 de janeiro, uma semana após o impedimento ser aceito pela Câmara.

Nos próximos dias, os argumentos serão ouvidos a partir da quarta-feira, 10, e cada parte, defesa e acusação, terão 16 horas distribuídas em dois dias. Depois, os senadores também poderão fazer perguntas. O julgamento deve se estender até a semana que vem.

Jamie Raskin, o democrata que lidera a acusação, disse nesta terça-feira que o caso é baseado em fatos “claros e sólidos” e postou um vídeo de 10 minutos para argumentar que o ex-presidente encorajou a invasão do Capitólio, que deixou cinco mortos.

O vídeo mostrou trechos das cenas de caos e declarações ferozes de Trump a seus apoiadores, reunidos em um comício em Washington pouco antes do Congresso se reunir para certificar formalmente a vitória de seu rival democrata Joe Biden na eleição presidencial. “Lutem como o demônio”, disse Trump, pouco antes do tumulto no templo da democracia americana.

A segurança foi reforçada diante do julgamento. Tropas da Guarda Nacional nos corredores e altas barreiras do lado de fora protegiam o Capitólio nesta terça em medidas de segurança sem precedentes, de modo a evitar cenas como as do ataque ao Capitólio.

Uma coisa é certa: os dois lados têm pressa. Enquanto os republicanos não querem estagnar em um caso que divide suas fileiras e coloca o partido contra a parede no apoio ou não a Trump, os democratas querem que o Senado possa se concentrar rapidamente na aprovação das nomeações e projetos do presidente Joe Biden. Enquanto o impeachment é votado, os senadores democratas se concentram também nas negociações para passar um pacote de estímulo de 1,9 trilhão de dólares defendido pelo presidente Joe Biden.

Em meio a seu discurso de “unir” os EUA, incluindo quem não votou nos democratas, Biden tem evitado falar sobre o impeachment nos últimos dias. O presidente não vai comentar os argumentos nem assistir às audiências, disse mais uma vez a porta-voz da Casa Branca Jen Psaki nesta terça-feira.

Fonte: Exame