A realização tardia do Enem e as incertezas sobre a viabilidade das aulas presenciais vão desafiar a atração de alunos ao ensino superior privado e manter a trajetória de queda de mensalidades neste início de ano, de acordo com especialistas. A consultoria Hoper prevê um cenário de intensificação na redução dos valores, que recuaram em 2020. No ano passado, o tíquete médio no ensino superior caiu 8% na modalidade remota e 12% na presencial, afetada pelo distanciamento.
O valor médio pago pelos alunos ficou em R$ 249,90 no EAD e R$ 736 no ensino presencial. William Klein, sócio da Hoper, afirma que a coleta de dados parcial feita neste ano já indica uma redução leve nos preços, que deve se acentuar após o Enem, quando as faculdades ampliam suas promoções.
A empresa espera avanço da participação do ensino remoto em 2021. Em 2019, 51% dos novos matriculados escolheram cursos remotos. A expectativa é para 61% neste ano.
Eduardo Parente, presidente da Yduqs dona da Estácio, afirma que o primeiro trimestre será de incerteza para o ensino presencial devido ao Enem em janeiro e à possibilidade de as aulas permanecerem à distância.
Por outro lado, ele diz não ver espaço para mais quedas nos preços e que deve haver recuperação do setor na metade do ano.
Pela primeira vez, o Grupo Ser Educacional teve mais ingressos via ensino remoto do que presencial em 2020, segundo o presidente, Jânyo Diniz. Projetos de digitalização foram motivados pela pandemia. Para o executivo, a modalidade deve crescer, enquanto o ensino presencial migrará para modelo híbrido.
O desafio para atrair novos alunos foi identificado na demanda da Pravaler, de crédito estudantil. No segundo semestre de 2020, a busca de financiamento por calouros caiu 30%. Por outro lado, estudantes veteranos mais que dobraram a procura, para tentar não trancar o curso.
Fonte: Folha