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Redaçãohttp://www.biznews.com.br
Mais recente empresa de tecnologia brasileira a virar um unicórnio (apelido dado aos negócios de base tecnológica com avaliação de mercado acima de 1 bilhão de dólares), a startup de crédito Creditas adquiriu a Bcredi, uma plataforma digital de crédito imobiliário a juros reduzidos mediante garantias — um tipo de financiamento similar aos oferecidos pela Creditas.
O valor da transação não foi divulgado pelos sócios das duas empresas. Fundada em Curitiba em 2017 pela empreendedora Maria Teresa Fornea Caron, a Tete, a Bcredi é uma das principais startups brasileiras especializadas em empréstimos com garantia de imóvel e financiamento imobiliário.
O foco da Bcredi é oferecer esses produtos a terceiros, em geral financeiras sem condições de criar canais próprios para esse tipo de operação, uma solução conhecida entre as fintechs como “LaaS” (lending-as-a-service). É um negócio complementar ao da Creditas, que cresceu basicamente oferecendo financiamentos com garantias diretamente ao consumidor final e por canais de venda digitais, como o site e o aplicativo próprios.
Com a operação, o Banco Bari, um dos co-fundadores e atual sócio da Bcredi, vende sua participação na empresa. Já o fundo de investimento Igah Ventures (antigo eBricks), também sócio da Bcredi, vira acionista da Creditas.
Modelo ‘white label’
Por causa da aquisição, Maria Teresa passa a trabalhar como vice-presidente de crédito imobiliário na Creditas e, junto com a liderança da Bcredi, terá a missão de desenvolver essa vertical no unicórnio sediado em São Paulo. “Nosso propósito de descomplicar o crédito imobiliário e impactar de forma positiva a economia se potencializa ainda mais com esse novo passo junto à Creditas”, diz Maria Teresa.
Agora, com a Bcredi, o plano da Creditas é avançar na criação de um ecossistema imobiliário para empresas terceiras dispostas a oferecer esses produtos para suas bases de clientes. “A gente não focava muito nisso até agora”, diz Sergio Furio, fundador da Creditas. “A ideia agora é oferecer a tecnologia do home equity a quem quiser oferecer esse serviço, usando a marca dos clientes, num modelo white label.”
Em dezembro, a Creditas recebeu um aporte de 255 milhões de dólares que a avaliou em 1,75 bilhão de dólares. A rodada série E foi liderada pelo LGT Lightstone e teve participação dos fundos Tarsadia Capital, Wellington Management, e.ventures e Advent International.
Os investidores anteriores da empresa, SoftBank, VEF, Kaszek Ventures e Amadeus Capital Partners também acompanharam a rodada, que começou a ser discutida em setembro. Até 2020, a Creditas havia recebido 314 milhões de dólares em investimento.
Desde 2019, a Creditas trabalha para trazer produtos financeiros além do crédito com imóvel com garantia. No ano passado, a startup de crédito passou a oferecer benefícios corporativos além de cursos e produtos de tecnologia financiados com recursos oriundos da folha de pagamento dos interessados.
A origem da Creditas remonta a 2012, quando o espanhol Sergio Furio trocou uma carreira no mercado financeiro em Nova York quando soube, pela namorada brasileira, sobre os altos custos de crédito no Brasil.
Há nove anos, Furio desembarcou em São Paulo para criar o BankFacil, uma plataforma de educação sobre crédito que prospectava clientes para os bancos tradicionais.
Aval do Cade
Foi só a partir de 2016 que a empresa entrou no mercado que a tornaria conhecida: o de crédito online com garantia de imóvel e automóvel. Foi aí que o negócio passou a adotar o nome Creditas.
De lá para cá, a Creditas já superou a marca de 1 bilhão de reais na carteira de crédito. No ano passado, a startup faturou perto de 320 milhões de reais, mais que o dobro de 2019.
Na agenda de ter produtos para a “casa, carro e salário” dos clientes, a Creditas vem fazendo fusões e aquisições. Em 2019, por exemplo, para entrar no mercado de crédito consignado, a empresa adquiriu a Creditoo.
A aposta de Furio é de que o cenário de juros baixos no Brasil atraia cada vez mais consumidores para alternativas às linhas de crédito oferecidas pelos principais bancos.
A aquisição da Bcredi ainda precisa ser aprovada pelo Cade, órgão antitruste do governo federal. A expectativa de Furio é de um processo rápido, muito em função da presença ainda tímida do home equity no mercado de crédito brasileiro.
Embora ofereça taxas de juros mais em conta do que linhas de financiamento tradicionais no país, como o cheque especial, o home equity movimenta perto de 10 bilhões de reais por ano no Brasil. É ainda uma fração do volume total de crédito concedido no país — algo em torno de 3 trilhões de reais. “Somos ainda anões dentro de um mercado de gigantes”, diz Furio.
Até o fim das tratativas no Cade, a marca Bcredi vai continuar operando nos próximos meses e a integração dos times deve ocorrer ao longo de 2021.
Fonte: Exame