DANIELLE BRANT
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Sob pressão crescente desde o dia 6, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) barrou a tentativa de drible na Constituição que poderia permitir sua reeleição à Presidência da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) inicia uma semana decisiva para tentar emplacar um concorrente forte na disputa pelo comando da Casa.
A demora para anunciar um nome agravou o mal-estar entre aliados e pré-candidatos que vinham sendo apontados como opção para enfrentar o deputado Arthur Lira (PP-AL), que conta com o trunfo de ser apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Nos últimos meses, seis nomes circulavam como candidatos que poderiam receber a bênção de Maia e se contrapor a Lira. Desses, dois sempre foram os favoritos do presidente da Câmara para sucedê-lo: o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), relator da reforma tributária, e o presidente do MDB, Baleia Rossi (SP).
Apesar da predileção, Maia não deixou de fazer acenos ao vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP), visto como um nome que poderia transitar bem no governo. Também fez sinalizações a um colega de partido, o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), além de ao presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), e ao deputado Marcelo Ramos (PL-AM).
Com a decisão do STF, a expectativa era de que Maia anunciasse, ainda na semana passada, o nome que receberia sua bênção, o que não aconteceu.
A demora reforçou em alguns deputados a percepção de que, no fundo, o presidente da Câmara tinha esperança de receber o aval do Supremo para concorrer. Assim, se apresentaria como a solução de consenso que poderia enfrentar Lira e blindar a Casa de avanços do Executivo.
Com a expectativa frustrada, Maia viu seu grupo se fragmentar. Marcelo Ramos, por exemplo, debandou para o bloco de Lira, seguindo seu partido, o PL, que faz parte do chamado centrão, base informal do governo na Câmara.
O próprio Lira aproveitou o revés sofrido pelo presidente da Câmara para oficializar sua candidatura, na última quarta (9). Além do PP, a campanha de Lira afirma ter votos de PL, PSD, Solidariedade, Avante, PSC, PTB, PROS e Patriota. Esse bloco soma cerca de 170 deputados.
Com a formalização, aliados do líder do PP em partidos de oposição como PSB e PCdoB passaram a indicar que o deputado contaria com votos nas duas bancadas.
As notícias envolvendo um eventual apoio do PSB a Lira, no entanto, levaram o diretório nacional do partido a se reunir na sexta-feira (11) e publicar uma resolução, aprovada por 80 votos a 0, orientando sua bancada a não votar no líder do centrão ou em qualquer candidato do Palácio do Planalto.
Líderes da oposição avaliam que a decisão pode dar fôlego ao grupo de Maia, formado por seis partidos (PSL, MDB, PSDB, DEM, Cidadania e PV).
A intenção do presidente da Câmara, segundo interlocutores, é apresentar o nome de consenso entre seus aliados ainda nesta segunda-feira (14). Os favoritos são Aguinaldo Ribeiro e Baleia Rossi.
Além disso, alguns avaliam que a demora pode fortalecer a candidatura do escolhido, em vez de prejudicar. Segundo líderes partidários, com um nome pactuado entre os partidos não haveria risco tão grande de cisão no bloco de apoio de Maia.
O deputado passou os últimos dias intensificando a costura com as legendas para anunciar o candidato quando as resistências tivessem sido vencidas ou reduzidas, ao menos. A estratégia de Maia é fechar bancadas, com apoio de campo político, até que o bloco cresça e atinja os 257 votos necessários para que o nome seja eleito em 1º de fevereiro.
Enquanto isso, Lira se manifestou neste domingo (13) sobre rumores de que prometeria mudanças na lei da Ficha Limpa para atrair a oposição.
Em uma rede social, defendeu o equilíbrio fiscal do país e a regra do teto de gastos, que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior, e criticou o “movimento que adiciona um falso apoio a mudanças na lei de Ficha Limpa”.
No Senado, o presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP), também barrado pelo STF de disputar a reeleição, tenta emplacar Rodrigo Pacheco (DEM-MG) no comando da Casa.
Na lista de Alcolumbre também estão Antonio Anastasia (PSD-MG), Nelsinho Trad (PSD-MS), Lucas Barreto (PSD-AP), Marcos Rogério (DEM-RO) e Daniella Ribeiro (PP-PB).
Segundo Alcolumbre, Bolsonaro teria concordado em apoiar o nome indicado por ele. No entanto, na disputa também estão os líderes do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), e no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), o que pode atrapalhar os planos de Alcolumbre.
A decisão do STF desgastou a relação de Alcolumbre com o Planalto. Aliado do governo, ele se sentiu abandonado em decorrência da articulação do Planalto para impedir a possibilidade de reeleição de Maia.
Política
Quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025
Dólar | R$ 5,18 | 0,000% |
Peso AR | R$ 0,03 | 0,164% |
Euro | R$ 5,59 | 0,000% |
Bitcoin | R$ 114.180,92 | 0,096% |
Governo negocia acordo sobre taxação de fundos imobiliários, diz Haddad
O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou nesta terça-feira (4) que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está negociando um acordo para solucionar o impasse sobre a taxação de fundos imobiliários após veto em trecho de projeto que regulamentou a reforma tributária.Na semana passada, o chefe da equipe econômica assegurou a representantes do...
Economia
Polícia atende chamado de ataque a tiros em escola na Suécia
Segundo autoridades, operação envolve ameaças de violência letal; ao menos cinco pessoas foram feridas A polícia sueca declarou nesta terça-feira (4) que cinco pessoas foram baleadas durante um ataque a uma escola na cidade de Orebro, que fica a cerca de 200 km a oeste da capital Estocolmo, gerando um atendimento massivo dos serviços de...
Política
Mercado Pago passa a ofertar pagamentos com Pix para brasileiros na Argentina
O Mercado Pago iniciou a oferta de transações por meio do Pix na Argentina, à medida que mais turistas brasileiros viajam de férias para o país vizinho, informou a empresa à Reuters nesta terça-feira, 04. Os processadores de pagamento do Mercado Pago, braço financeiro do Mercado Livre, se tornaram quase onipresentes na Argentina, sendo populares...
Negócios
Contra a inflação, governo estuda plano para baratear a cesta básica
Depois da alta registrada em 2024, quando os preços de alimentos essenciais na mesa dos brasileiros fizeram a inflação disparar, o governo estuda medidas que ajudem aliviar a pressão inflacionária neste ano. Uma proposta que será levada ao presidente prevê a redução pela metade dos juros nos financiamentos voltados para médios produtores rurais, no âmbito...
Economia
Nunes atrasa em quase um ano e meio obra de drenagem na zona leste de SP
Contratada há quase dois anos, a obra de drenagem para amortecer as cheias do rio Tietê no extremo leste de São Paulo deveria ter sido entregue em setembro de 2023, mas sucessivas suspensões do contrato paralisaram a execução por mais de um ano e a intervenção ainda não foi concluída.A construção do pôlder da Vila...
Política
O ‘retrofit’ da Arábia Saudita para incluir mulheres na força de trabalho e diversificar economia
As mulheres representam hoje cerca de 36% da força de trabalho da Arábia Saudita, de acordo com dados oficiais. Um percentual significativo se considerarmos que até 2018 não era permitido que dirigissem e só em 2019 que foram autorizadas a emitir passaporte e viajar sozinhas sem precisar da autorização de um “guardião”, geralmente o patriarca...
No Mundo
China retalia Trump com tarifas para os EUA e investigação antitruste contra o Google
A China anunciou uma ampla gama de medidas nesta terça-feira,4, visando empresas dos Estados Unidos, incluindo o Google, fabricantes de equipamentos agrícolas e o proprietário da marca Calvin Klein, minutos depois que novas sobretaxas de importação impostas pelo governo de Donald Trump entraram em vigor sobre produtos chineses. Pequim também impôs tarifas sobre produtos norte-americanos como...
No Mundo