EDUARDO SODRÉ
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O mês de maio termina com 43.080 veículos produzidos, uma alta ilusória de 2.232% em relação a abril. O mês passado foi o pior já registrado na história moderna da indústria automotiva nacional.
A comparação com maio de 2019, dado que reflete a realidade do mercado, indica uma queda de 90,8% na fabricação de carros de passeio, veículos comerciais leves, ônibus e caminhões. Os números foram divulgados nesta sexta-feira (5) pela Anfavea, entidade que representa as montadoras instaladas no Brasil.
Algumas fábricas voltaram a produzir em diferentes datas de maio, enquanto outras retornam ao longo de junho. O ritmo está mais lento, em um turno, e as empresas se adequam aos novos protocolos de segurança sanitária.
Com 62 mil veículos emplacados, é o pior maio desde 1992, com queda de 74,7% em relação ao mesmo período de 2019. Nem todos os Detrans estão funcionando plenamente, o que deve ocorrer ao longo de junho. Por isso se espera uma alta expressiva neste mês, embora ainda muito distante do registrado em janeiro e fevereiro.
No acumulado do ano, há queda de 37,7% nos emplacamentos. São 400 mil unidades a menos que o registrado nos primeiros cinco meses de 2019.
Em projeções atualizadas, a Anfavea considera que os licenciamentos devem cair 40% em 2020 em relação a 2019. O PIB, de acordo com a entidade, deve recuar entre 7% e 7,5% no ano.
Os cálculos apresentados pela entidade em janeiro indicavam alta de 9,4% nas vendas com um PIB que cresceria 2,5%.
Os estoques ainda são suficientes para 97 dias de vendas. Há 200 mil carros parados nos pátios das montadoras e nas concessionárias.
Foram exportados 3.900 veículos, uma queda de 91% em relação ao mesmo período de 2019. É o pior resultado para o mês desde 1972 e o pior acumulado dos últimos 18 anos.
O nível de empregos se mantém estável, com 125 mil funcionários empregados nas montadoras. Cerca de dois terços dos funcionários seguem afastados dos postos de trabalho, seja em férias coletivas ou abrangidos por programas de proteção ao emprego.
A maior preocupação recai sobre a rede de fornecedores, que vai ganhar relevância com a mudança no modelo de produção forçado pela pandemia do novo coronavírus. As empresas precisarão voltar a investir na produção de componentes locais, mudando o mapa de fluxo de peças que até então era a tônica dos investimentos no século 21.
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