Negócios
Quarta-feira, 24 de julho de 2024

Influenciadores ajudam empreendedoras a conseguir investimentos

Que o mar não está para peixe no mundo de venture capital não é novidade. Porém, as companhias fundadas por mulheres estão sofrendo ainda mais para conseguir aportes, de acordo com o estudo The Seed Round in 2021-22: Proving Market Fit and Monetization Amid Uncertainty.

Apesar de receberem menos dinheiro, as empresas lideradas por mulheres são mais resilientes, de acordo com uma pesquisa realizada com gestoras como a PitchBook, Beyond the Billion, J.P. Morgan, Apex e Pivotal Ventures.

O levantamento mostra que as empresas com liderança feminina tiveram taxas menores de queima de caixa, mais crescimento de valuation no estágio inicial e declínios mais baixos no estágio final em comparação com empresas fundadas apenas por homens.

Então, o que as mulheres podem fazer para mudar o cenário?

Usar sua riqueza para preencher a lacuna de arrecadação de fundos do gênero. Isso quer dizer que investidoras podem realizar aportes em empresas femininas no formato de parcerias limitadas (LPs) em fundos de capital de risco liderados pelo gênero.

Ao investir nesses fundos de risco, as mulheres podem causar um impacto alinhado com seus valores, tornar o mundo um lugar melhor e diminuir as diferenças do mercado.

Do mundo corporativo ao venture capital

Carrie Colbert era uma executiva da companhia Hilcorp Energy Company, da indústria de petróleo e gás. Apesar do sucesso da empresa, o setor não fazia seus olhos brilharem. Então, a empresária decidiu empreender aos 38 anos.

“Eu comecei a me conectar com marcas que gostava no Instagram”, disse Colbert. “Era bem no começo da rede social em que você podia crescer rapidamente e eu acabei me tornando uma pequena influenciadora”. Ao mesmo tempo, ela também começou a investir em marcas fundadas por mulheres.

Colbert teve ótimos retornos e acabou recebendo mais ofertas de negócios do que poderia investir. Foi aí que surgiu a ideia de iniciar um fundo de capital de risco, o Curate Capital, focado em acelerar o sucesso dessas empresas.

“Eu tinha a parte do fluxo de negócios coberta”, disse ela. “Mas eu tinha muito a aprender sobre captação de recursos e administração.” Para preencher a lacuna, a investidora correu atrás de especialistas do mercado.

Além das expectativas

Colbert tinha a intenção de lançar o Curate Capital no início de 2020, mas a incerteza econômica da pandemia de Covid-19 fez com que ela atrasasse a captação de recursos por cerca de um ano.

Em 2021, ela começou a entrar em contato com seus colegas – principalmente homens – da indústria de petróleo e gás. Eles não entenderam as propostas de valor das empresas fundadas por mulheres e a arrecadação de fundos parou.

“Comecei a falar sobre Curate Capital no Instagram”, disse Colbert. Em vez de se concentrar nos problemas de encontrar investidores, ela se concentrou no lado positivo. As mulheres tinham um desempenho superior. “Não há como negar que é uma oportunidade.” Aproveitando o valuation menor, é possível obter um retorno melhor do que se investir em empresas fundadas por homens.

As mulheres estão mais dispostas a investir em outras empreendedoras por meio de um fundo de capital de risco. De acordo com How Women (and Men) Invest in Startups, as mulheres são astutas quanto ao risco. A pesquisa mostra que elas são mais propensas a reduzir o risco de seus investimentos diversificando em fundos que aportam em várias empresas; investindo com pensamento de longo prazo e apostando em empresas fechadas para complementar o portfólio.

Colbert queria tornar o investimento no fundo de risco acessível. Em média, os investidores precisam fazer cheques de US$ 100 mil para aportar nas companhias, mas ela teve a possibilidade de ficar abaixo desse valor em seu fundo. A pesquisa constata que quase três quartos dos investidores credenciados colocariam seu dinheiro em startups se o valor mínimo fosse de US$ 25 mil.

Palavras também importam

Para preencher a lacuna do conhecimento, Colbert usou uma linguagem acessível. “Investir em capital de risco é uma caixa preta, um mistério para a maioria das mulheres”, diz ela. “Mais de 60% dos meus investidores descobriram sobre o Curate Capital via Instagram”, disse Colbert. “Estou super empolgada com a forma como pude atingir uma nova geração de investidores”. Mais da metade do seu público está investindo em empresas fechadas pela primeira vez.

O objetivo da Curate Capital era criar um fundo de risco de US$ 10 milhões. Ela excedeu sua meta inicial em 50%, arrecadando US$ 15 milhões para serem investidos em empresas femininas.

Dinheiro e marketing: o poder dos influenciadores nas mídias sociais

O alcance do marketing de influenciadores pode trazer um enorme valor para as marcas. Ainda assim, esses criadores de tendências de mídia social querem ser recompensados por seus esforços. Como startups, as empresas não têm orçamento para pagar.

Fonte: Forbes