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Culinária do Ping Yang seria memorável se pratos tivessem explicações mais claras

Nomes complicados, pratos picantes, atendimento mais direto que simpático, ambiente mais barulhento que acolhedor. Para o Ping Yang esta é uma combinação de sucesso. Não exatamente pela soma destes ingredientes, mas pela culinária tailandesa surpreendente e longe de estereótipos do chef Maurício Santi.
A casa cobra R$ 50 no momento da reserva (valor que estorna quando o cliente comparece). Uma medida compreensível que alguns restaurantes usam para evitar mesas vazias e prejuízos, mas que do lado do cliente não soa exatamente como um abraço de boas-vindas. No caminho, há a possibilidade de entrar na espera virtual, mediante uma taxa de R$ 8,90. A sensação é de que o lugar alcançou aquele patamar em que uma certa arrogância vira charme.
O cardápio é dividido por seis tipos de preparo, todos com receitas para compartilhar. O garçom recomenda que se prove uma opção de cada. Parece ótimo, mas, de pratinho em pratinho, a conta fica salgada. A dica é ir em grupo para degustar um pouco de tudo. Não numa turma muito grande, já que a casa não atende mesa acima de seis pessoas.
A recomendação seguinte foi deixar o curry por último, por ser “mais forte e condimentado”. Então pedimos o miang kham goon (R$ 70) para começar, atraídas pela descrição no menu, que dizia: “Não dá para explicar, é a Tailândia em uma mordida com laranja Bahia e farofa de camarão”. Abraçamos tudo com a folha de chaplu (planta típica do país) que veio embaixo e mordemos com vontade. De tão apimentado, mal dava para apreciar.
Além do aviso que não foi dado, teria sido prudente a sugestão de uma bebida mais apropriada do que a água que estávamos tomando e que, claro, só potencializava a ardência. A água, aliás, custa R$ 10 por pessoa para ser reposta durante todo o jantar.
Na sequência, veio o lin wua ping (R$ 32), espetinhos de língua de boi com farofa de khao kua (farinha de arroz), que rende um toque levemente tostado, e… pimentas, claro. Mas desta vez numa medida prazerosa. Pena que o ponto da carne estava desigual, com metade do espetinho mais grelhada que a outra.
O kho moo yang (R$ 75) foi a melhor pedida. Você monta suas próprias bocadas de matambre suíno e arroz sobre folhas frescas. Depois passa em um molho que une acidez e dulçor.
Já o pla neung tau jiaw (R$ 98) é um peixe preparado no vapor com soja fermentada, shoyu e acelga. Macio e delicado, mas não especialmente saboroso.
Finalmente chegou a vez do curry. Escolhemos a versão com vegetais e cogumelos, chamada gaeng deng jay (R$ 98). Complexa, porém suave, poderia tranquilamente ter sido pedida antes, diferentemente do que foi orientado.
Há apenas uma sobremesa, a kanom tom (R$ 39). As bolinhas recheadas com cocada são feitas com uma massa de arroz glutinoso que rende uma textura parecida com a do mochi. Sobre leite de coco, é um doce que conduz para fora da zona de conforto.
A sensação de fazer uma viagem por sabores tão diferentes vale a visita. Naquela noite, o que faltou para um jantar realmente memorável foi mais clareza na explicação dos pratos, algo que vai além de elencar os ingredientes ou técnicas de preparo.
PING YANG
Avaliação Bom
Onde R. Doutor Melo Alves, 767, Cerqueira César, região oeste, @pingyangsp

Fonte: FolhaPress

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