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Ministro diz ter ‘certeza de que Ibama vai agilizar licenciamentos’ na Foz do Amazonas

Em meio a protestos, desafios socioambientais e da resistência de ambientalistas, as petroleiras Petrobras, ExxonMobil, Chevron e CNPC arremataram 19 dos 47 blocos exploratórios de petróleo e gás ofertados na Bacia da Foz do Amazonas em leilão de concessão realizado pela reguladora ANP  (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) nesta terça-feira, 17.

governo arrecadou no leilão quase R$ 1 bilhão, sendo R$ 844 milhões nos blocos na bacia considerada uma nova fronteira exploratória no Brasil.

Além de ampliar as oportunidades de produção de petróleo, a exploração da Bacia da Foz do Amazonas também deve ajudar no desenvolvimento regional, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

“É o bilhete premiado da região Norte para reduzir a pobreza. Não podemos continuar a perder oportunidades. Interesse das norte-americanas, Chevron e Exxon, que já operam na Guiana, demonstra que nosso potencial é gigantesco”, afirmou Silveira, em nota.

Ele disse ainda ter “certeza de que o Ibama vai agilizar os licenciamentos na Foz a partir da autorização da Petrobras”.

Alguns analistas tinham manifestado dúvidas se petroleiras fariam lances por áreas na Bacia da Foz do Amazonas, diante das dificuldades da Petrobras para obter licença ambiental para perfurar a região. Mas um avanço da petroleira estatal para a última etapa no processo de licenciamento, que inclui a possibilidade de um simulado de contra vazamentos de petróleo em águas ultraprofundas do Amapá, elevou a atratividade do leilão, na avaliação da indústria.

As áreas na Bacia da Foz do Amazonas têm atraído o interesse de petroleiras pela geologia semelhante à registrada em descobertas na Guiana, cuja produção de petróleo avançou nos últimos anos, inclusive com a atuação da ExxonMobil, que foi uma das ganhadoras no leilão da ANP.

Um consócio liderado pela Petrobras em parceria com a ExxonMobil arrematou cinco blocos, enquanto outro liderado pela companhia norte-americana em parceira com a estatal brasileira levou outros cinco.

A norte-americana Chevron adquiriu em consórcio nove blocos em parceria com a chinesa CNPC.

Para Silveira, a participação da empresa chinesa deixa claro “como os laços construídos pelo presidente Lula solidificam a parceria do Sul Global”, em meio à busca por segurança energética.

O resultado do leilão foi “ótimo” para a Petrobras, que ficou com todas as áreas pretendidas, disse a diretora executiva de Exploração e Produção da empresa, Sylvia Anjos, à Reuters.

A Petrobras focou seus lances na Foz do Amazonas, onde aguarda a autorização do Ibama para perfurar em uma área adquirida anteriormente.

‘Alarmante’, diz Greenpeace

Por outro lado, o Greenpeace considerou “alarmante” que mais de 40% dos blocos ofertados na Bacia da Foz do Amazonas tenham sido arrematados.

“Ao assumir 10 blocos em consórcio com a ExxonMobil Brasil, a Petrobras se coloca como protagonista de um projeto político arriscado que está cavando um buraco na credibilidade ambiental do Brasil”, disse a porta-voz de Oceanos do Greenpeace Brasil, Mariana Andrade, em nota.

Do lado de fora do leilão, realizado em hotel no bairro da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, uma manifestação organizada pelo Instituto Internacional Arayara reuniu indígenas, que levaram faixas, cartazes e carros de som, em protesto contra a oferta de áreas ambientalmente sensíveis, especialmente na Foz do Amazonas.

O esquema de segurança estava reforçado do lado de fora do leilão, com diversas viaturas e policiais, além de grades cercando o hotel.

Ao todo, as petroleiras arrematam 34 dos 172 blocos exploratórios de petróleo ofertados em leilão da agência reguladora ANP, que teve também áreas negociadas nas bacias de Santos, Pelotas e Parecis.

Além da arrecadação com bônus de assinatura, o leilão vai gerar investimentos previstos de R$ 1,5 bilhão para o desenvolvimento dos projetos de exploração.

Fonte: Reuters

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