Data Mercantil

Sidônio completa 5 meses no cargo sem avanço em plano para recuperar popularidade de Lula

O ministro Sidônio Palmeira completa cinco meses à frente da comunicação do governo sem ter até agora conseguido recuperar a popularidade do presidente Lula (PT) e encontrado uma marca para o terceiro mandato do petista, em meio a um período de sucessivas crises que abalam o Palácio do Planalto.
Ao assumir a Secretaria de Comunicação do Governo Lula, em janeiro, Sidônio apresentou em reunião ministerial um plano de recuperação da popularidade do presidente em 90 dias. Formado em engenharia, ele mencionou um triângulo em cujos vértices estariam representadas comunicação, gestão e política.
O sucesso dependeria da conjugação desses três pressupostos, disse à época. Mas pesou a falta de apoio parlamentar às propostas do governo no Congresso e de ações marcantes do terceiro mandato de Lula.
Integrantes da equipe de Lula reconhecem que a exaltação de programas passados -ainda que ressuscitados depois de devastados na gestão de Jair Bolsonaro- não basta para alavancar a avaliação do governo. E investem em novos programas.
Passados cinco meses, o presidente ainda enfrenta dificuldade para reverter esse cenário e registra o pior patamar em seus três mandatos, segundo pesquisa Datafolha divulgada na semana passada. De acordo com instituto, reprovam o petista 40%, ante 28% que o aprovam.
Integrantes da equipe de Lula admitem que as sucessivas crises têm exigido um esforço extra de seus auxiliares para lidar com os problemas em caráter emergencial.
Sidônio foi chamado a atuar nos casos do INSS e do IOF. Em uma reunião tensa, chegou a apelar aos participantes deixassem de lado suas desavenças e pensassem no governo.
Um aliado de Lula cita como exemplo alterações no cronograma de peças publicitárias da Secom que seriam ignoradas pelo público caso lançadas em meio a crises.
Além da necessidade de adequar o lançamento de campanhas ao momento político, o perfil centralizador e exigente do ministro estaria impondo alterações no calendário.
O ritmo das campanhas ao longo dos três anos de governo é alvo de preocupação de aliados do presidente por ditar o limite de gastos com publicidade durante as eleições.
Como o volume de propaganda dos seis primeiros meses do ano eleitoral depende da média dos anteriores, uma baixa veiculação afetaria a do ano eleitoral.
Só nesta semana deverá ser lançado o edital de licitação para a comunicação digital do governo, prometida pelo chefe da pasta no dia de sua posse.
Naquele dia, Sidônio afirmou que pretendia preparar uma nova licitação para a comunicação digital ainda neste semestre, após questionamentos ao processo anterior, cuja contratação foi avaliada em R$ 197,7 milhões.
“Pretendo fazer uma nova licitação. Não vale mais [a anterior], não nos interessa, imediatamente vamos trabalhar nisso”, afirmou a jornalistas. Naquele momento, a expectativa era que o edital fosse lançado no primeiro trimestre, o que não ocorreu.
Se o edital de licitação for lançado nesta semana, como prevê o governo, estaria concluído a partir de outubro. Projeções otimistas são de que o processo consumiria cerca de quatro meses. Integrantes do governo falam em dezembro apenas.
A esses percalços se soma a necessidade de conciliar a estratégia de comunicação à agenda do petista. Mais recentemente, integrantes da equipe de Lula voltaram a falar em ampliar a exposição do presidente, aumentando a participação do presidente da República em eventos e entrevistas.
No primeiro mês no cargo, Sidônio afirmou a militantes petistas que Lula deve ser o “motor do conteúdo” da comunicação do governo.
“O que o governo fez é muito maior que a percepção popular. Ainda tem uma percepção popular abaixo da gestão. Portanto, precisamos aumentar o entendimento e fazer com que isso chegue na ponta”, afirmou na ocasião.
Essa estratégia exibe a disponibilidade da agenda do presidente, também consumida por sucessivas crises.
Como a Folha de S.Paulo mostrou, há uma avaliação de aliados do petista, integrantes da Esplanada e parlamentares governistas de que é preciso uma reorganização da chamada “cozinha” do Palácio do Planalto, para evitar problemas que poderiam ser previamente solucionados se houvesse maior alinhamento entre os auxiliares do presidente.
A comunicação do governo é frequentemente criticada por aliados do petista, diante da percepção que a direita tem atuação mais coordenada, sobretudo nas redes sociais. Mas a amplitude da base governista -constituída com setores da direita- esvazia argumentos em favor de medidas econômicas propondo que o andar de cima, como chamam, paguem mais.
Marqueteiro de Lula na campanha de 2022, Sidônio chegou ao Palácio do Planalto como um dos principais conselheiros do petista, despachando frequentemente com o presidente.
O primeiro compromisso do petista no dia, pela manhã, costuma ser com o ministro da Secom. Sidônio costuma ser chamado nos fins de semana e em reuniões na residência oficial.
Sidônio também foi o idealizador do evento “O Brasil Dando a Volta por Cima”, em abril, para mostrar as ações do governo realizadas ao longo dos dois anos da gestão e tentar reverter a queda de popularidade, além de preparar o terreno para 2026.
Ao chegar ao governo, ele disse que “já começou o segundo tempo”, em alusão à segunda metade do mandato de Lula, e que o governo precisa vencer o debate ainda em 2025 -restam pouco mais de seis meses para que a tarefa seja cumprida.

Fonte: FolhaPress

Sair da versão mobile