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Joias e vacinas: como adversários e aliados avaliam a situação atual de Bolsonaro

PL está dividido sobre estratégia a ser adotada; integrantes do governo Lula veem combustível nas eleições municipais

O indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro perto do período eleitoral divide a opinião parlamentares do PL sobre qual estratégia adotar para conter danos à imagem do principal cabo eleitoral do partido.

Em grupos bolsonaristas de Whatsapp, parte dos parlamentares defendeu uma comunicação formal do partido sobre o assunto, com argumentos que embasam a tese de que o ex-presidente não sabia da venda e recompra dos itens apreendidos — apesar de a investigação indicar que Bolsonaro tinha conhecimento dos atos.

Para aliados, o partido deve unificar o discurso no que a defesa usou para rechaçar a ilegalidade do caso. Advogados do ex-presidente diziam que Bolsonaro agia dentro da lei e havia declarado bens de caráter personalíssimo recebidos em viagens.

Os itens foram incorporados ao acervo pessoal de Bolsonaro. A defesa se baseava em um acórdão do Tribunal de Contas da União. Para advogados, a norma deixava dúvidas sobre a destinação dos presentes. Posteriormente, porém, o TCU pediu a devolução das joias.

Para outra parte do grupo, o indiciamento de Bolsonaro não causa impactos negativos na imagem do ex-presidente, já que era esperado. Esses parlamentares defendem que é preciso continuar o discurso de perseguição e mirar contra Lula, sob argumento de que o presidente também mantém presentes caros em acervo particular.

Em abril, o líder da Oposição na Câmara, deputado Filipe Barros (PL-PR), pediu ao TCU lista de presentes recebidos pelo presidente e pela primeira-dama Janja Lula da Silva. Os presidentes devem ser auditados pelo Tribunal.

Embora minimizem os riscos ao capital político de Bolsonaro, sob reserva, aliados do ex-presidente admitem que o indiciamento causa “constrangimento” e dará munição para adversários.

Combustível para adversários

Já entre integrantes do governo, o indiciamento do ex-presidente é tratado com cautela para evitar indícios de politização das investigações. Alguns aliados de Lula, no entanto, preparam uma ofensiva para usar os indiciamentos de Bolsonaro como argumento nas eleições em municípios polarizados.

Para essas fontes, o potencial de estrago do caso das joias é maior, por exemplo, do que o da fraude em vacinas, já que o ex-presidente sempre deixou clara sua posição sobre a pandemia e usava do discurso anticorrupção para atacar adversários.

Como mostrou a CNN, nesta semana o ex-presidente ainda deve sofrer novos revés até agosto, com indiciamento pelo oito de janeiro e no caso que investiga a existência de uma “Abin Paralela” para monitorar adversários políticos e membros do ex-governo.

Fonte: CNN

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