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DEM , em ascensão, ultrapassa PSDB em candidatos a vereador

JOÃO PEDRO PITOMBO
SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – Em ascensão no cenário político nacional nos últimos quatro anos, o Democratas ultrapassou o PSDB em número de candidatos a vereador neste ano e tenta consolidar seu protagonismo no campo da centro-direita nas urnas do pleito municipal.
Principal parceiro do PSDB em seis das últimas sete eleições presidenciais, o DEM terá 30,5 mil candidatos a vereador neste ano –avanço de 50% em relação à eleição de 2016, quando teve 20,4 mil candidaturas às Câmaras Municipais.
Já os tucanos fizeram o caminho contrário. Têm 30,3 mil candidatos a vereador, 7% a menos do que na eleição passada, quanto lançaram 32,6 mil postulantes à vereança.
Presidente nacional do DEM, ACM Neto, prefeito de Salvador, credita o avanço a um crescimento orgânico nas bases, incluindo capitais e cidades de interior.
“O Democratas vem em um crescimento gradual e consistente. E soube aproveitar o momento político favorável para transformar isso em base política. Nos últimos dois anos, estimulamos candidaturas em todo o Brasil”, afirma.
O prefeito da capital baiana nega que eleição de Jair Bolsonaro (sem partido) tenha sido determinante para o crescimento da base de candidatos do DEM. Preferiu destacar como força a ascensão de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre ao comando da Câmara dos Deputados e do Senado.
“Eu diria que o fato de não sermos oposição com certeza facilitou. Não somos base [do governo] formalmente, mas o partido tem votado com o governo na grande maioria dos projetos”, disse ACM Neto.
A aproximação estreitou-se ainda mais na última semana, quando o deputado federal Paulo Azi (DEM-BA) assumiu o posto de vice-líder do governo da Câmara dos Deputados. Segundo o prefeito, a articulação foi feita pela bancada e não passou pela direção do partido.
Além do DEM, outros partidos alinhados às pautas do governo Bolsonaro estão entre os que mais cresceram, em números absolutos, em candidaturas a vereador.
Partido pelo qual o presidente se elegeu em 2018, o PSL teve o crescimento mais expressivo. Saiu de 10,1 mil candidatos na eleição municipal de 2016 para 20,3 mil na deste ano, um avanço de 101%.
Em seguida, Podemos, Republicanos, PP, PSD e Avante são as legendas que mais aumentaram o número de candidatos em números absolutos.
Na mesma medida em que partidos alinhados ao governo atraíram mais candidatos nas eleições municipais, dois dos principais partidos de oposição também avançaram em relação a 2016.
O PT registrou crescimento de cerca de 30% no número de candidatos a vereador, de 22,2 mil para 28,8 mil. O dado mostra recuperação em relação a 2016, quando o partido enfrentou seu momento mais delicado e uma forte onda antipetista após o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Para o deputado federal Paulo Teixeira (SP), secretário nacional do PT, o ano de 2016 representou o momento mais difícil do partido.
Ele acusa Sergio Moro, então juiz responsável pelos julgamentos da Operação Lava Jato em Curitiba, de seguir o calendário eleitoral ao decretar a prisão de três ex-ministros do governo Dilma – Antonio Palocci, Guido Mantega e Paulo Bernardo –nas vésperas das eleições.
“Aquele momento foi o auge da perseguição contra o PT, e muita gente deixou de se candidatar [pelo partido]. Mas agora isso está superado, o ânimo foi retomado. Há um entendimento na população de que é a operação Lava Jato que está no banco dos réus”, afirma o deputado.
A despeito dos reveses da operação, um dos partidos mais alinhados ao lavajatismo, o Podemos, registrou forte crescimento para a eleição deste ano. A legenda mais que dobrou o número de candidatos a vereador, saindo de 9,4 para 19,2 mil.
Além do PT, outro partido oposicionista que terá mais candidatos para as Câmaras Municipais é o PDT, do ex-ministro Ciro Gomes, que registou avanço de 9,1%. Legendas como PSB, PC do B e PSOL registraram queda no número de candidaturas a vereador nesta eleição.
Entre os partidos mais tradicionais do chamado centro, o MDB segue como o que tem mais candidatos a vereador: são 41 mil ao todo, patamar semelhante ao da eleição passada.
Na eleição de 2016, o MDB foi o partido que mais elegeu vereadores, 7.556 no total. Na sequência vieram o PSDB (5.356 eleitos) e o PP, com 4.734 vereadores, seguidos por PSD, PDT e PSB. O DEM foi o nono, com 2.896.
Professora da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), a cientista política Priscila Lapa afirma que o esvaziamento de candidaturas de alguns partidos tradicionais reflete o cenário de fragmentação do sistema partidário brasileiro frente à crise do sistema representativo.
“Em geral, são partidos que passaram por um ciclo de reveses, não renovaram as suas lideranças e têm demonstrado dificuldade em se conectar com novas agendas da sociedade”, afirma.
O espaço, diz a professora, tem sido aproveitado partidos médios e pequenos em candidaturas mais personalistas: “São candidatos que buscam construir uma comunicação menos intermediada com o eleitor e têm pouco compromisso estatutário com os partidos”, diz ela.
No caso dos candidatos a vereador, esse personalismo ganha ainda mais força, já que boa parte dos postulantes estão voltados para as suas comunidades e se preocupam em se apresentar como intermediários entre a população e a prefeitura.
Se partidos pequenos e médios avançaram, uma parte dos nanicos definhou em número de candidaturas nesta eleição. É o caso de legendas como o DC, PMN, PTC, PMB, PSTU e PCB.
As siglas não atingiram a cláusula de barreira na eleição passada. Por isso, não têm acesso ao fundo partidário nem direito a inserções no rádio e na televisão durante a campanha eleitoral.

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