Data Mercantil

Horário eleitoral estreia com ataques, padrinhos, biografias e até propostas

CAROLINA LINHARES E JOELMIR TAVARES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O horário eleitoral na TV e no rádio terá início nesta sexta-feira (9) com os candidatos a prefeito de São Paulo apostando em estratégias que incluem ataques a adversários, carona na imagem de padrinhos políticos, exaltação da própria biografia e ênfase em propostas.
Dos 14 postulantes, 10 têm direito ao tempo de propaganda gratuita até 12 de novembro –a votação no primeiro turno acontece no dia 15 de novembro. O candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), conta com a maior fatia (3min29s). A divisão leva em consideração a bancada de deputados federais eleita pelas legendas da coligação em 2018.
O tucano usará seu bloco para promover programas e obras da gestão, além de resgatar sua trajetória na vida pública. Segundo auxiliares, um dos objetivos é mostrar a vocação política de Covas, citando, por exemplo, sua proximidade com o avô, o ex-governador Mário Covas (1930-2001).
A relação com o filho e o tratamento contra o câncer, iniciado em 2019, também serão explorados no material produzido sob a coordenação do marqueteiro Felipe Soutello.
O governador João Doria (PSDB), ao menos no primeiro momento, não terá grande presença. Segundo o Datafolha, 59% dos entrevistados não votariam em candidato apoiado por Doria, que deixou a cadeira de prefeito para Covas, seu então vice, para concorrer a governador.
Covas está em segundo lugar nas intenções de voto, com 20%, de acordo com o Datafolha.
Com 29%, o líder Celso Russomanno (Republicanos) dispõe de 51 segundos, o quinto maior tempo na TV e no rádio.
Diferentemente de Covas, ele exibirá logo em suas primeiras inserções seu padrinho político, o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido).
Apesar de Bolsonaro ser rejeitado por 46% dos paulistanos e ter desempenho ruim como cabo eleitoral (64% não votariam em um nome indicado por ele), Russomanno acredita que o presidente o levará ao segundo turno desta vez, ao contrário de 2012 e 2016.
A equipe do deputado federal e apresentador de televisão gravou imagens do encontro entre o candidato e o presidente em São Paulo, ocorrido na segunda-feira (5).
Seus programas devem abordar o “auxílio emergencial paulistano”, proposta de Russomanno escorada em Jair Bolsonaro, além de projetos para a saúde. Outra prioridade será apresentar o candidato a vice, Marcos da Costa (PTB).
O líder nas pesquisas de intenção de voto também fará na TV as críticas aos prefeitos que o venceram nos dois pleitos anteriores. Fernando Haddad (PT) será tratado como incompetente e Doria (a quem declarou apoio em 2018) será descrito como um prefeito que abandonou o mandato.
Na estratégia do marqueteiro Elsinho Mouco, os petardos atingirão, por tabela, os atuais candidatos do PT, Jilmar Tatto, e do PSDB, Bruno Covas.
Márcio França (PSB), que possui o segundo maior tempo (1min36s), deve priorizar as propostas. A avaliação é a de que, ao contrário do que ocorreu na eleição para o governo do estado em 2018, quando era desconhecido, desta vez ele goza de popularidade maior na capital, onde teve inclusive mais votos que o eleito Doria.
Projetos de França que miram os problemas provocados pela pandemia ganharão destaque, de acordo com o coordenador da campanha Raul Cruz Lima.
A postura anti-Doria, usada para fustigar Covas, aparecerá nas peças dentro do discurso de que a cidade precisa de um prefeito com novas ideias. “Não estamos falando apenas de trocar de prefeito, mas de mudar a prefeitura”, diz Lima.
Empatado tecnicamente com Guilherme Boulos (PSOL), França (que tem 8%, ante 9% do líder de movimentos de moradia) conta com o tempo avantajado para se descolar do rival, que está na terceira colocação.
Boulos usará seus 17 segundos “com muita criatividade” para tentar compensar a brevidade, segundo o marqueteiro Chico Malfitani. Ele diz que a candidata a vice, a ex-prefeita Luiza Erundina (PSOL), terá destaque nas peças.
Distante da campanha de rua por causa do distanciamento social imposto pela pandemia, Erundina (que foi prefeita pelo PT) fez gravações ao lado de Boulos há alguns dias no centro da cidade.
Tatto (2% no Datafolha e 1min7s na TV) aposta na propaganda para alavancar sua candidatura. Seu padrinho, Lula, terá papel central no programa, que usará a imagem dele até o limite permitido pela lei (apoiadores podem ocupar, no máximo, 25% do tempo de cada anúncio).
A orientação é defender os legados de Lula e dos governos petistas, tanto na cidade quanto no plano federal. O ex-prefeito Haddad deverá participar, relembrando iniciativas da legenda na capital.
O candidato, que é desconhecido da maioria dos paulistanos, vai mostrar que foi secretário municipal e conhece a cidade, além de fazer críticas às gestões do PSDB.
Marqueteiro de Joice Hassselmann (PSL), Daniel Braga quer mostrá-la, em 1min4s, como alguém capaz e com coragem para enfrentar máfias e lutar contra a corrupção.
“Nosso primeiro programa será disruptivo, fora da caixa, para mostrar que ela é diferente”, diz Braga, sem se aprofundar. Ataques a oponentes, como os que Joice costuma disparar, chegarão à campanha na TV se houver necessidade, segundo o auxiliar.
Com 45 segundos, Andrea Matarazzo (PSD) usará as aparições para discutir a cidade e mostrar que está preparado, de acordo com o marqueteiro Paulo Vasconcelos.
Arthur do Val (Patriota), em 16 segundos, apresentará propostas e chamará os eleitores para visitar suas redes sociais.
Orlando Silva (PC do B) aproveitará seus 17 segundos para reforçar os pilares do programa de governo, como a luta antirracista e a necessidade de gerar emprego e renda no pós-pandemia.
Com 15 segundos, Filipe Sabará (Novo) vai apresentar propostas e convidar o eleitor para visitar seu site. Estreante em disputas, ele vai se apresentar e falar de cargos que ocupou na gestão pública.
Antônio Carlos Silva (PCO), Levy Fidelix (PRTB), Vera Lúcia (PSTU) e Marina Helou (Rede) ficaram de fora da divisão do tempo de TV porque seus partidos não elegeram deputados suficientes para vencer a cláusula de barreira.
Nesta quarta-feira (7), França ofereceu aos quatro um pedaço do seu tempo para que eles “possam também falar com o povo de São Paulo”.
A assessoria de França disse que “a forma como isso será viabilizado será discutida”. A hipótese hoje é vetada pela lei.
Marina e Vera se mostraram abertas à proposta. O postulante do PRTB disse que França ganhará mais convencendo seu partido a lutar no Congresso pela isonomia entre as siglas. Antônio diz que, se for viável, vai utilizar o espaço.

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