
Com a autorização, empresas montarão a maior rede de loas de produtos para pets na América Latina
A compra da Cobasi pela Petz, que formará a maior rede de lojas de produtos e serviços para animais de estimação do Brasil e uma das maiores da América Latina, foi aprovada nesta quarta-feira pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), condicionando o negócio ao cumprimento de condicionantes que incluem venda de algumas lojas.
A Petz afirmou em fato relevante ao mercado após a aprovação do negócio anunciado no ano passado que o Acordo em Controle de Concentração (ACC) acertado com a autoridade de defesa da concorrência envolve a venda de 26 lojas no estado de São Paulo. Segundo a empresa, essas lojas representaram 3,3% do faturamento da companhia combinada nos últimos 12 meses.
“Se vai dar certo ou não é o que vamos medir e monitorar”, disse o presidente do Cade, Gustavo Augusto Freitas de Lima, sobre o ACC antes de proclamar a decisão que liberou a criação de um grupo que tem hoje mais de 480 lojas no Brasil em cerca de 20 estados.
O entendimento do tribunal diverge da Superintendência-Geral (SG), área técnica do Cade, que, em junho deste ano, aprovou a operação sem restrições. Um recurso foi apresentado no dia 23 daquele mês, o que levou o processo a subir para o tribunal administrativo.
Em outubro, foi realizada uma audiência pública com representantes do governo e da Câmara dos Deputados, entidades e organizações de defesa dos animais e de defesa da concorrência e as empresas interessadas na fusão.
Concorrência critica operação
A rival Petlove defendia que a criação de uma empresa “30 vezes maior que o terceiro colocado” no setor “compromete o mercado” de produtos para animais de estimação.
A Petlove, que tem atuação concentrada no mercado online, mas tem lojas físicas nas regiões Sudeste e Sul, fez petição na véspera ao Cade afirmando que uma proposta de venda “de até 28 lojas” seria um remédio “claramente inefetivo” e um “grave prejuízo à concorrência e ao consumidor”.
Mas na avaliação do presidente do Cade, o que dá conforto na aprovação do negócio é “a terceira interessada (Petlove) dizer que quer comprar (as lojas a serem vendidas) e há pelo menos mais uma empresa que manifestou interesse inicial” nelas.
“Tem ainda um pacote comportamental duro, são remédios que se destacam”, disse o presidente do Cade, sem dar detalhes.
A Petz afirmou no fato relevante que além da venda das 26 lojas, o ACC prevê “compromissos comportamentais”, mas também não deu detalhes.
Negócio entre Petz e Cobasi seguirá monitorado pelo Cade
O presidente do Cade, Gustavo Augusto Freitas de Lima, acompanhou o voto do relator, fazendo algumas considerações sobre o acordo construído. “Me parece que, em termos de atratividade do pacote, acertamos”, considerou Gustavo Augusto. “Temos não só remédios estruturais, mas um pacote comportamental duro”, completou ele.
Para a conselheira Camila Cabral Pires Alves o caso foi o mais difícil para avaliação pelo Cade nos últimos dois anos e também o mais difícil no varejo já trabalhado pela autarquia. Segundo Alves, mesmo com os remédios aprovados, “vamos continuar tendo uma quantidade relevante de mercados com problemas”.
Por sua vez, o conselheiro Carlos Jacques Vieira Gomes cobrou que o acordo acertado pelas empresas com o Cade tenha regras claras e isonômicas para a venda das lojas “caso apareça mais de um comprador”.
O relator do caso, conselheiro José Levi Mello do Amaral afirmou em seu voto que o ACC acertado “parece bom, porque garante uma situação concorrencial melhor” que a atual.
Fonte: Reuters