Data Mercantil

Petrobras de produção a investimentos: como isso afeta a tese para as ações?

Analistas do Goldman destacam vários temas para a tese e mantém recomendação de compra para os ativos da estatal

Produção, investimentos, fusões e aquisições, eleições. São muitos temas a serem endereçados para os investidores em Petrobras (PETR3;PETR4), o que leva também a muitos questionamentos sobre o que deve predominar na tese de investimentos da companhia.

Em relatório, o Goldman Sachs destacou os principais pontos para a tese na estatal de petróleo e manteve recomendação de compra para os ativos, com preço-alvo de R$ 38,70 para PETR3 (potencial de alta de 17%) e de R$ 35,20 para PETR4 (potencial de avanço de 15%).

Os analistas do banco abordaram os principais pontos discutidos com investidores nos últimos meses sobre a Petrobras, incluindo: i) perspectivas de produção e capex para 2025/26, ii) oportunidades potenciais de fusões e aquisições (M&A), iii) implicações para dividendos, e iv) implicações das eleições brasileiras em 2026. Também fizeram uma análise de sensibilidade do dividend yield (dividendo sobre o preço da ação) e do fluxo de caixa livre (FCF) estimados para 2026 em função do CAPEX e dos preços médios do Brent, dado o cenário de incertezas em torno dessas variáveis.

Bruno Amorim, Guilherme Costa Martins e Huama Belmonte, analistas que assinam o relatório, ressaltam que a produção de petróleo da Petrobras tem sido um destaque em 2025 (julho de 2025 +16% em relação a janeiro de 2025). Os FPSOs (plataformas) recentes estão entrando em operação mais rápido do que o previsto inicialmente, e ainda esperam que uma nova plataforma (P-78) tenha o primeiro óleo no 4º trimestre de 2025.

“No geral, estimamos que a produção de petróleo da Petrobras aumentará cerca de 12% ano a ano em 2025 (+13% em dezembro em relação a janeiro de 2025), alinhando-se ao topo da faixa prevista pela empresa e cerca de 4% acima do consenso Bloomberg para produção de petróleo no ano. Projetamos uma moderação no crescimento entre o 4º trimestre de 2025 e o 4º trimestre de 2026 (+3% ano a ano), pois esperamos menos FPSOs entrando em operação em 2026 em comparação a 2025”, avalia a equipe.

Sobre os investimentos, o Goldman ressalta que a empresa tem focado significativamente em reduzir riscos e entregar produção de petróleo, o que inclui antecipar investimentos para adiantar o cronograma de novas plataformas (pressionando o capex). Para referência, agora esperamos que o capex em caixa da Petrobras some US$ 18,1 bilhões em 2025 e US$ 16,9 bilhões em 2026 (US$ 16,7/15,9 bilhões de CAPEX em implementação + US$ 1,5/1,0 bilhão como provisão para CAPEX em avaliação), contra US$ 15,2/15,8 bilhões em seu modelo anterior.

Além disso, anúncios recentes e notícias destacam M&A (fusões e aquisições) como possibilidade: i) leilão das participações do governo em três campos do pré-sal (previsto para dezembro de 2025), ii) potencial aquisição de participação em empresa de etanol, conforme declarado pela gestão, e iii) eventual retorno ao negócio de distribuição de GLP (gás de cozinha).

“Embora não tenhamos opinião sobre a probabilidade de qualquer M&A, observamos que i) qualquer transação poderia impactar negativamente o pagamento de dividendos no curto prazo, e ii) dado o atual modelo de governança, qualquer acordo potencial provavelmente ocorrerá no próximo ano (exceto o leilão do governo já agendado para o final de 2025). Em nosso modelo, provisionamos US$ 1,5/1,0 bilhão como capex em avaliação para 2025/26 (potencialmente incluindo M&A)”, aponta o Goldman.

Atualmente, o banco vê a Petrobras negociando com um FCFy (rendimento do fluxo de caixa livre) estimado para 2026 de 9% (assumindo preço médio do petróleo de US$ 65/barril no próximo ano, conforme a curva a termo), o que se compara a 5% para pares americanos e 10% para pares europeus (sob as mesmas premissas para o Brent).

“Embora reconheçamos que o valuation não parece particularmente barato, continuamos a preferir a ação em nossa cobertura em relação a outras empresas estatais do setor (YPF, Ecopetrol), dado o carry atrativo (dividend yield estimado para 2026 de cerca de 11%, baseado apenas na política ordinária de remuneração aos acionistas), forte desempenho operacional (crescimento médio da produção de petróleo de 12% em 2025) e o potencial de alta decorrente de uma possível mudança nas condições macroeconômicas no Brasil”, avalia.

Fonte: InfoMoney

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