Data Mercantil

“Tem 4 reuniões do Copom neste ano, BC deve ficar parado em 3”, diz Jobim, da Legacy

Foto: Fábio Teixeira

Visão é de que, embora a economia siga forte, a elevação de juros pelo Banco Central está fazendo seu papel no controle da atividade e do avanço dos preços

As projeções do mercado para a inflação sofreram uma inflexão importante do começo do ano para cá. Na Legacy Capital, gestora que administra R$ 15 bilhões em fundos de investimentos, não foi diferente. Dos 6,30% esperados para 2025 seis meses atrás, a expectativa já caiu para cerca de 4,50%.

A visão é de que, embora a economia siga forte, a elevação de juros pelo Banco Central – que colocou a taxa Selic em 15% ao ano no mês passado – está fazendo seu papel no controle da atividade e do avanço dos preços. E desde a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o assunto da vez é quando os juros começarão a cair.

Para Pedro Jobim, sócio e economista-chefe da Legacy, é difícil que isso aconteça neste ano – mas é “um pouco menos difícil” do que já foi. “Assim que tiver um pouco mais de convicção a respeito da desaceleração da atividade econômica, o BC pode dar início ao processo de corte de juros”, disse ao programa InfoMoney Entrevista. Ele é o convidado dessa semana, em uma série especial de conversas com painelistas da Expert XP 2025, um dos maiores eventos sobre investimentos do mundo.

“Temos mais quatro reuniões do Copom nesse ano. Acho que o BC ficará parado em três, mas na última do ano, se eventualmente a desaceleração estiver presente, pode-se até começar a namorar a possibilidade de queda”, afirmou – a despeito de a ata do último Copom mencionar cinco vezes que os juros seguirão altos por um período bastante prolongado. “Talvez o período bastante prolongado não seja tão prolongado assim”.

Confira alguns dos principais trechos da entrevista abaixo ou a entrevista completa no player acima:

“Com fim do ciclo de alta dos juros, próxima etapa é buscar o momento da queda”

No começo do ano, chegamos a ter projeção de 6,30% para a inflação em 2025. Fomos reduzindo, e hoje a projeção está um pouco acima de 5%, com um número mais próximo de 4,50% em 2026, quase no limite da meta. O aperto monetário faz efeito, e nossa aposta é na desaceleração da atividade econômica.

Agora, com o ciclo encerrado, a próxima etapa é buscar o momento em que os juros vão começar a cair.

O relatório de inflação do Banco Central sugere que a projeção para o primeiro trimestre de 2027 é de 3,4%, um número já considerado em torno da meta. E assim, fica mais próxima a possibilidade de queda de juros.

“O entendimento é de que seria muito difícil acontecer nesse ano, e ainda acho que é difícil, mas ficou menos difícil. Acho que no começo de 2026 o BC pode fazer algum tipo de ajuste para baixo”— Pedro Jobim, sócio da Legacy Capital

“Temos 4 reuniões do Copom nesse ano, e BC deve ficar parado em 3”

Sabemos que, historicamente, o Banco Central considera que uma projeção de 3,3% para a inflação está em torno da meta. Não estamos muito longe disso.

Assim que tiver um pouco mais de convicção a respeito da desaceleração da atividade econômica, o BC pode dar início ao processo de corte de juros. Talvez o “período bastante prolongado” [mencionado na ata da última reunião do Copom] não seja tão prolongado assim. Tanto a ata quanto o relatório de inflação foram no sentido até de desautorizar um pouco, na margem, toda essa ênfase do adjetivo.

O mercado vai ficar buscando os primeiros sinais de atividade para baixo para cravar o início do corte de juros.

“Temos mais quatro reuniões do Copom nesse ano. Acho que o BC ficará parado em três, mas na última do ano, se eventualmente a desaceleração estiver presente, pode-se até começar a namorar a possibilidade de queda. Senão, no começo de 2026”— Pedro Jobim, sócio da Legacy Capital

“Bolsa está diante de um cenário binário” e dependente da eleição

Temos posições em bolsa, mas não tão representativas para o desempenho do fundo, seja a favor, seja contra.

A bolsa, como outros ativos, está diante de um cenário binário. Para 2027, se você tiver a continuidade desse governo, não é um cenário bom para os ativos. Se tiver troca de governo, é um cenário bom. Isso vai ter implicações bem distintas para juros, bolsa e moeda. Estamos evitando tomar posições maiores em função dessa bifurcação à frente.

Mas acho que em breve isso vai mudar. Até o final do ano a gente espera que bolsa volte a ser um driver de desempenho positivo nos fundos da casa.

Temos posições em algumas empresas que não estão bem precificadas – algumas vendidas, outras compradas. E uma carteira long short também. Mas nada muito relevante no conjunto do nosso risco.

Estamos aguardando para, se for o caso, tomar uma posição maior em bolsa. Esperamos que a perspectiva para o Brasil a partir de 2027 seja melhor.

Fonte: InfoMoney

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