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Justiça bloqueia ordem de Trump que restringe cidadania por nascimento nos EUA

Um juiz federal suspendeu, ao menos de forma temporária, uma das ordens assinadas pelo presidente Donald Trump logo após a sua posse, na segunda-feira (20), que determina o fim da concessão automática de cidadania americana a filhos de imigrantes nascidos nos Estados Unidos.
O magistrado John Coughenour, de Seattle, tomou a decisão em caráter liminar após os estados de Arizona, Illinois, Oregon e Washington contestarem o ato do líder republicano sob o argumento de que o texto fere a Constituição e a jurisprudência da Suprema Corte do país.
Durante a audiência, o juiz afirmou que a decisão de Trump é “flagrantemente inconstitucional”. Ele ainda perguntou onde estavam os advogados na hora em que o presidente assinou a ordem, ressaltando não entender como um agente do direito poderia considerar o ato legal.
“Estou no cargo [de juiz] há mais de quatro décadas. Não me lembro de outro caso em que a questão apresentada fosse tão clara”, afirmou Coughenour.
A ordem de Trump, que entraria em vigor em 30 dias, proibiria as agências federais de emitirem documentos de cidadania para tais crianças.
A determinação, contudo, contraria a Constituição do país: de acordo com a 14ª emenda, qualquer pessoa nascida nos EUA é automaticamente cidadã americana.
Questionado sobre o tema enquanto assinava ordens executivas na tarde desta quinta (23), Trump disse que não considerava uma surpresa a decisão do magistrado. “Obviamente, eles colocaram a questão diante de um certo juiz de Seattle. Eu creio que não há surpresas com a decisão desse juiz”, disse.
Os advogados dos estados que questionaram o decreto afirmam que, caso seja aplicado, o ato negaria direitos e benefícios a mais de 150 mil crianças nascidas por ano e poderia deixar algumas delas apátridas, segundo relatou o jornal The New York Times.
A defesa do governo federal, por sua vez, solicitou ao tribunal mais tempo para apresentar argumentos a favor da ordem executiva, já que ela só entraria em vigor em um mês. No decreto, Trump afirmou que a medida daria nova interpretação à 14ª emenda que, segundo ele, não foi feita para “estender a cidadania universalmente a todos os nascidos nos Estados Unidos”.
O juiz federal que suspendeu a decisão de Trump foi nomeado por Ronald Reagan, presidente dos EUA de 1981 a 1989. Há questionamentos à ordem em tribunais de outros 17 estados do país.
“Negar cidadania a crianças nascidas nos EUA não apenas é inconstitucional, é também um inconsequente e cruel repúdio dos valores americanos. A cidadania por nascimento é parte do que faz dos EUA uma nação forte e dinâmica”, afirmou ao New York Times o diretor-executivo da União Americana pelas Liberdades Civis, Anthony Romero, que entrou com uma ação contra a ordem executiva junto com os estados.

Fonte: FolhaPress

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