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Não tão fitness: Dr. Peanut quer fazer da pasta de amendoim a nova Nutella

Pré-treino queridinho dos “marombeiros” ganha versão “snack” em estratégia para ampliar público consumidor do produto

Sem glúten, sem lactose, zero açúcar. É a típica descrição de um produto voltado ao público “fitness” ou para pessoas com restrições alimentares. Mas a Dr. Peanut pretende furar essa bolha e fazer da pasta de amendoim uma sobremesa para todo tipo de consumidor. “Entendemos que nosso principal concorrente é a Nutella e não outras pastas de amendoim”, disse Rodrigo Cardoso, CEO da empresa paranaense ao InfoMoney.

Para transformar o pré-treino dos “marombeiros” em lanchinho saudável da família toda, a empresa apostou no desenvolvimento de novos sabores e formatos de produto. Desde junho do ano passado, a Dr. Peanut comercializa o alfajor com pasta de amendoim, que pode ser de avelã, doce de leite e mais quatro sabores.

A receita leva whey protein (proteína do soro do leite), mas esse é um detalhe que a Dr. Peanut prefere não dar muito destaque, para não segmentar o produto. “Até tiramos esse apelo do whey protein da frente do rótulo, porque existe uma parte do público que pode achar que o produto não é para ele”, explica.

Crédito: Divulgação/Dr. Peanut

O redesenho da embalagem veio com a proposta de retirar açúcar, glúten e afins da composição da pasta, ampliando as possibilidades de consumo. E com essa nova roupagem, a Dr. Peanut tem ido além das lojas especializadas em suplementos, levando a pasta de amendoim para as prateleiras de supermercados e farmácias.

Investimento em sabor e produção

“Não houve aumento de preço com essas mudanças. Conseguimos administrar o custo de produção com melhores condições de negociação das matérias-primas”, conta Cardoso.

No e-commerce da Dr. Peanut, a média de preço da pasta de amendoim varia entre R$ 28,90 (a de 250 gramas) e R$ 64,90 (a de 600 gramas). “Nossa precificação sempre foi mais alta porque é um produto com uma fórmula que custa mais caro”, diz o CEO.

O sabor de doce de leite, o mais recente do portfólio, levou dois anos para ser criado. A parte de pesquisa e desenvolvimento da empresa guarda “a fórmula da Coca-Cola” da Dr. Peanut e é comandada por Lucas Castro, fundador e atual chief marketing officer (CMO) da empresa. Ele começou a empreender em 2012, com uma loja de suplementos em Curitiba (PR). Percebeu o aumento na demanda por pasta de amendoim pelos bodybuilders e decidiu criar o próprio produto, agregando sabor, com um investimento inicial de R$ 50 mil.

Lucas Castro (à esquerda), fundador da Dr. Peanut, ao lado de Rodrigo Cardoso, CEO (Crédito: Divulgação)

Além de atender à demanda do mercado interno, onde há pouca concorrência em pasta de amendoim gourmet, a Dr. Peanut também exporta o produto para 11 países. Apesar de ter montado um time de exportação, o CEO explica que a empresa ainda não precisou fazer esforço para captar clientes no exterior.

“É uma área comercial de exportação passiva. Os clientes conheceram nosso produto em feiras no Brasil ou de alguma outra forma e vieram atrás de nós”, explica o CEO. Ainda que não revele valores, Cardoso conta que as exportações do primeiro semestre deste ano já bateram as do ano de 2023 inteiro. O principal comprador dos produtos da Dr. Peanut no exterior são os Estados Unidos, onde o consumo da pasta é cultural e nunca foi restrito ao público “fitness”.

Recursos do sócio ajudaram estratégia

A Dr. Peanut projeta atingir um faturamento entre R$ 170 milhões e R$ 185 milhões em 2024. No ano passado, chegou a R$ 128 milhões, praticamente dobrando as receitas de 2023. O ritmo de crescimento coincidiu com a chegada de um novo sócio. A Supley, dona das marcas Max Titanium e Probiótica, comprou metade da Dr. Peanut e ampliou os canais de venda da fabricante de pasta de amendoim. 

“Quando a Supley entrou no nosso negócio, conseguimos expandir para outros grandes mercados. Tínhamos 30 representantes comerciais e agora são mais de 100, rodando o Brasil inteiro”, conta Castro. 

O valor pago pela Supley para entrar na sociedade não foi revelado, mas os recursos também ajudaram a Dr. Peanut a repaginar a pasta de amendoim para um público mais amplo e a aumentar a produção. A empresa tem uma fábrica nos arredores de Curitiba com capacidade para produzir dois milhões de unidades por mês. Hoje, a unidade fabril opera com 35% dessa capacidade.

Foco também no B2C

Recentemente, a empresa também investiu em logística, fechando parceria com um centro de distribuição (CD) especializado em e-commerce, no município de Extrema (MG). O parceiro vai cuidar da gestão do estoque e da entrega do produto. “Eles entregam em até 24 horas em qualquer lugar do Brasil, coisa que a gente não conseguiria fazer da fábrica”, afirma Cardoso.  

Indústria da Dr Peanut, no Paraná. Crédito: Divulgação

Problemas ocorridos durante a Black Friday do ano passado fizeram com que a Dr. Peanut também investisse em uma nova plataforma de e-commerce para suportar o crescimento no número de pedidos. A venda direta ao consumidor final (B2C) deve chegar a 10% do faturamento da empresa este ano. Além do site proprio, a Dr. Peanut abriu uma loja oficial dentro do Mercado Livre. “Isso também vai acelerar os números do B2C”, afirma Castro.

Nesses canais, a Dr. Peanut se prepara para disponibilizar a pasta de amendoim em um novo tamanho de pote, com mais quantidade. 

“Quem compra na internet procura um melhor custo-benefício. E com um novo tamanho de pote, também não competimos com o nosso cliente B2B. A ideia é ter um tamanho para o online, outro para o canal especializado [as lojas de suplementos] e um para varejo alimentar e farma, que são os potes menores”, explica o CEO.

Fonte: InfoMoney

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