Data Mercantil

Família Safra anuncia que resolveu ‘amigavelmente’ disputa bilionária entre herdeiros

A Família Joseph Safra divulgou um comunicado nesta sexta-feira, 19, anunciando que resolveu, de forma amigável, a disputa com Alberto Joseph Safra.

Herdeiro de Joseph Safra – o homem mais rico do Brasil até sua morte -, Alberto Safra entrou com processos, um deles na Justiça do Estado de Nova York, nos Estados Unidos, contra a mãe, Vicky Safra, e os irmãos Jacob e David, em uma disputa pela herança bilionária do pai, que morreu em dezembro de 2020.

Vicky Safra e família estão no segundo lugar do ranking da Forbes de 2024 de pessoas mais ricas do país, com uma fortuna estimada em US$ 20,6 bilhões.

De acordo com o comunicado, as partes concordaram em encerrar todos os processos judiciais e arbitrais pendentes em todas as jurisdições. Os termos financeiros e outras condições do acordo não foram divulgados.

“Nos termos do acordo, Alberto se desinvestirá de seus interesses no Grupo J. Safra e perseguirá seus interesses empresariais através da ASA”, diz o comunicado da família. “Estamos satisfeitos em deixar esse assunto para trás e reafirmar nossos laços familiares. A resolução que alcançamos nos permitirá perseguir nossos respectivos interesses empresariais de maneiras que ajudem a garantir que o sucesso de cada membro da nossa família seja motivo de satisfação compartilhada”, declara a família.

“Estou feliz por deixar esse assunto para trás. Após esclarecimentos, entendi que não houve irregularidades, e que o patrimônio do Sr. José foi devidamente distribuído de acordo com seus desejos”, declarou Alberto Safra

A disputa

Em uma das ações, Alberto alegava que sua mãe, Vicky Safra, e os irmãos, diluíram de forma ilegal sua participação na SNBNY – holding que controla o Safra National Bank, um banco americano com US$ 9 bilhões em ativos, e que não tem relação com o Banco Safra brasileiro -, cometendo, então atos de improbidade corporativa para prejudicar os interesses dele na empresa.

“Em razão de atos ilegais e agressivos praticados por seus irmãos, Alberto Safra não teve alternativa senão ingressar com ação judicial na Suprema Corte de Nova York para proteger os seus direitos”, afirmam os representantes do herdeiro em nota.“Por meio da ação judicial, Alberto Safra busca a proteção dos seus direitos”, afirmou ele em nota à época.

De acordo com a petição, à qual o jornal O Estado de S.Paulo teve acesso, a diluição ocorreu em dezembro de 2019, quando Joseph enfrentava sérios problemas de saúde. A nova distribuição societária, ainda segundo a defesa de Alberto, foi feita criando um lucro artificial derivado de uma reavaliação contábil da empresa – o que os advogados chamaram de “manobras financeiras e contábeis inexplicáveis e suspeitas”. Com base nesse lucro fictício, segundo o processo, os irmãos teriam emitido novas ações, que foram alocadas para eles.

Com as supostas manobras, a participação de Alberto caiu de 28% para 13,4%. Também de acordo com o processo, Alberto só soube da perda de participação após a morte do pai, em dezembro de 2020.

A defesa ainda afirmava que o balanço que registra o aumento do lucro era de 2019, mas foi publicado em 2021, e que todo o processo – feito pelos irmãos com a ajuda de diretores da companhia – tinha como objetivo pressionar Alberto “a vender sua participação em vários negócios da família.”

“As transações não tinham propósito econômico legítimo ou lógica comercial. (…) O único efeito delas foi diluir a participação de Alberto na SNBNY e inflar as participações de seus irmãos, David e Jacob, sem que eles (ou qualquer um deles) tivessem investido qualquer capital adicional. Os réus planejaram essas transações sem a devida autorização do conselho”, dizia a ação. O documento afirma ainda que, com as transações, o valor do Safra National Bank teria sido “inflado” em mais de US$ 870 milhões.

Outro ponto questionado pelos advogados do herdeiro foi que, segundo eles, Alberto não tem tido acesso a documentos da holding nem conseguido indicar um nome para fazer parte do conselho de administração, o que seria seu direito. De acordo com a ação, a SNBNY alega “falsamente que uma revisão pendente pelo Federal Reserve (o Banco Central americano) impede Alberto de fazer a nomeação”. A própria autoridade monetária, acrescenta a ação, já teria confirmado não se opor à nomeação do herdeiro.

Alberto, que tocava a operação do Safra no Brasil junto com o irmão David, deixou a gestão do grupo no segundo semestre de 2019, após desentendimentos com a família, e criou a gestora ASA Investments. David seguiu como responsável pelos negócios do grupo no país. O outro irmão, Jacob, é o responsável pelas operações externas.

No processo, a defesa do herdeiro afirmava que David e Jacob manipularam os pais para tirar Alberto do Safra. Diz ainda que conflitos de gestão entre os irmãos que comandavam o banco brasileiro se tornaram “insustentáveis” e diminuíram os poderem de Alberto na instituição. Diante disso, Alberto teria decidido cuidar de projetos pessoais.

No fim de 2021, a família esteve prestes a fechar um acordo em relação à herança. As negociações, no entanto, acabaram recuando pouco tempo depois.

Bilionários

A fortuna dos Safra é avaliada em mais de US$ 16 bilhões, segundo o Índice de Bilionários da agência de notícias Bloomberg, e em mais de US$ 20 bilhões pelo ranking da Forbes.

Os negócios contemplam desde as operações das instituições financeiras até imóveis no exterior, além de uma parte da operação da Chiquita Brands International, focada em bananas.

Fonte: IstoéDinheiro

Sair da versão mobile