Data Mercantil

Privatização da Sabesp: governo de SP levanta R$ 14,8 bilhões com oferta de ações

A Sabesp precificou sua oferta de ações para fundos e pessoas físicas a R$ 67 cada, mesmo preço ofertado pela Equatorial Energia para se tornar acionista de referência da companhia, levantando no total R$ 14,8 bilhões, conforme comunicado.

O valor por papel representa um desconto de 18,3% em relação ao preço de fechamento na quinta-feira das ações da companhia de saneamento básico do Estado de São Paulo.

Com a maior maior oferta de ações da história do setor de saneamento no país, o governo paulista irá reduzir a participação do Estado na Sabesp dos atuais 50,3% para cerca de 18%, enquanto a Equatorial (acionista de referência) será dona de fatia de 15%, que deverá ser mantida até o final de 2029.

A Equatorial, que atualmente tem operações na aérea de saneamento apenas no Amapá, foi a única finalista no processo de escolha de investidor estratégico para a Sabesp, a maior empresa do setor no país e uma das maiores da América Latina. A empresa fez uma oferta equivalente a R$ 6,9 bilhões.

O acordo de investimento entre a Sabesp e a Equatorial foi celebrado na quinta-feira, 18. O documento prevê, por exemplo, a cláusula de “lock-up” de cinco anos, que impede a venda de ações pelo acionista de referência até o dia 31 de dezembro de 2029.

O documento lembra ainda que as ações passarão a ser negociadas na B3 já a partir desta sexta, enquanto a liquidação da oferta ocorrerá na segunda-feira, 22, quando também serão revelados preço mínimo e cobertura mínima estabelecidos durante o processo de definição das condições para o follow-on.

PT questiona privatização na Justiça

Nesta semana, o Partido dos Trabalhadores, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entrou com uma Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no Supremo Tribunal Federal para questionar o processo de privatização da Sabesp, promovido pela gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de oposição a Lula.

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, deu 24 horas para que o governo do Estado de São Paulo e órgãos vinculados à gestão paulista deem explicações sobre o processo de privatização, além de determinar que a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Procuradoria-Geral da República se posicionem sobre o tema no mesmo prazo.

Um dos argumentos dos opositores da privatização é que a Sabesp está sendo vendida a um preço baixo. A Equatorial, única empresa a apresentar oferta para ser investidor de referência, propôs R$ 67 por ação. O valor estava abaixo das cotações da ação no mercado naquele momento, e se distanciou mais ainda das cotações atuais. A ação da Sabesp chegou à máxima histórica de R$ 85 nos últimos dias, recuando a R$ 82 na véspera – ainda 20% acima do preço da Equatorial.

A privatização da Sabesp prevê compromisso de investimentos da ordem de R$ 70 bilhões até 2029 para universalização dos serviços de água e esgoto no Estado de São Paulo. A Equatorial também não poderá investir em áreas ou outros locais que concorram com a Sabesp, nem vender suas ações até lá. Além da Equatorial, nomes como a gestora IG4, a francesa Veolia, Aegea, Cosan, os canadenses da Brookfield e o grupo Votorantim chegaram a avaliar a participação na privatização.

Para pagar os R$ 6,9 bilhões ao governo de São Paulo, a Equatorial conseguiu um empréstimo-ponte com quatro bancos e prazo de 18 meses. Em paralelo, fez uma emissão de notas comerciais, liquidadas na última terça-feira, 16, e que serão dadas como garantia aos empréstimos. Os bancos participantes da emissão das notas são Itaú BBA, Safra, UBS BB e Bradesco BBI.

Fonte: Reuters

Sair da versão mobile