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Ele concluiu que as americanas invejam a beleza das brasileiras e criou um negócio de R$ 200 milhões

Renato Antunes é o fundador da Braé, marca de tratamentos capilares que cresceu promovendo a ‘Brazilian experience’ dentro e fora do país e que, agora, está lançando fragrâncias corporais

Num país que enfrenta desafios ao usar sua própria imagem para impulsionar negócios no exterior, como é o caso do Brasil, o setor de cuidados pessoais destaca-se ao demonstrar como é possível lucrar com o estilo de vida brasileiro.

Exemplos notáveis incluem a depilação íntima feminina, conhecida como Brazilian wax, nos Estados Unidos, e os chinelos Havaianas que se tornaram onipresentes ao redor do mundo.

O empreendedor Renato Antunes almeja criar mais uma marca brasileira que se torne familiar nos mercados dos Estados Unidos e Europa.

Quem é o empreendedor:

Nascido em Sorocaba, no interior paulista, Antunes lidera a Braé Hair, uma empresa de tratamentos capilares estabelecida em 2015. Este ano, o negócio prevê um faturamento de 200 milhões de reais, sendo 15% provenientes do exterior, principalmente dos Estados Unidos.

A proposta da Braé é proporcionar às estrangeiras um pouco da experiência brasileira em cuidados capilares, daí o nome da empresa, uma abreviação de “Brazilian experience.”

O Brasil é um laboratório global para cuidados com os cabelos, devido à miscigenação e às condições climáticas que favorecem uma diversidade única nos fios. Além disso, o país é um berço de tinturas capilares e salões de beleza, com mais de 40.000 apenas na cidade de São Paulo.

A profusão de tratamentos capilares com nomes cativantes, como escova marroquina e escova japonesa, alcançou sucesso nas últimas décadas por razões específicas.

“O sonho da mulher americana é ter o mesmo cabelo bonito e bem cuidado das brasileiras,” afirma Antunes.

Formado em engenharia, Antunes construiu sua carreira como gerente de comércio exterior de empresas do setor de higiene e beleza em Miami.

Qual é a fórmula da Braé:

A decisão de empreender surgiu após perceber reclamações sobre tratamentos para descoloração capilar na época.

“Me juntei a especialistas em coloração para desenvolver uma fórmula que garantisse uma cor atraente sem danificar os cabelos das clientes,” explica ele.

A fórmula patenteada é um segredo guardado com tanto zelo quanto os ingredientes da Coca-Cola.

Iniciando em Miami, onde Antunes passava a maior parte do tempo na época, a Braé começou vendendo produtos para profissionais de beleza nos Estados Unidos. Embora os resultados fossem satisfatórios, Antunes sentia que estava deixando dinheiro na mesa.

“No Brasil, fonte de inspiração para a Braé desde o início, ninguém tinha um produto de hidratação para tratamentos de descoloração tão bom quanto o que havíamos desenvolvido,” destaca ele. “Estava ali um mercado mais fácil para ganhar escala e relevância rapidamente.”

Como o Brasil foi importante para a marca:

A partir de 2017, o Brasil tornou-se o foco da Braé. Num país tão envolvido com redes sociais como o Brasil, a estratégia para conquistar mercado foi contratar influenciadores de moda e beleza para campanhas em seus perfis, os famosos “publi.”

As primeiras figuras da Braé foram socialites famosas em São Paulo, como Mari Saad e Carol Celico.

À medida que a marca ganhava presença nacional, nomes como Deborah Secco, Cláudia Raia, Ticiane Pinheiro, Lore Improta, Claudia Leitte, Simaria e Camila Coelho também se tornaram embaixadoras da Braé.

O boca a boca digital ajudou a introduzir os produtos da Braé nos salões de beleza. Atualmente, a empresa está presente em mais de 25.000 salões em 12 países, a maioria deles no Brasil.

Com o modelo de negócio testado e aprovado pelos cabeleireiros, o próximo passo foi a venda direta ao consumidor.

Inicialmente, a marca apostou em lojas multimarcas de produtos de beleza, como Ikesaki e Beleza na Web. Hoje, os produtos estão em mais de 5.000 pontos de venda.

Recentemente, a Braé investiu na abertura de quiosques dedicados em lojas de produtos de beleza para profissionais. Atualmente, existem sete pontos de venda no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Além disso, em Nova York, a empresa inaugurou o The Boutique By Braé, um salão de beleza localizado a poucas quadras de Soho, região no sul de Manhattan conhecida por suas boutiques de luxo e galerias de arte.

Lá, 100% dos cabeleireiros são profissionais brasileiros comprometidos em proporcionar às americanas um pouco da experiência vivida pelas brasileiras nos salões de beleza.

“A gente tem o costume de escutar mais as clientes e de fazer um atendimento mais personalizado do que o usual nos salões de beleza dos Estados Unidos,” afirma Antunes.

Os planos daqui para frente:

Em cinco anos, a meta de Antunes é alcançar um faturamento de 1 bilhão de reais com a Braé. Para isso, a estratégia agora é expandir além das mechas hidratadas.

Em 8 de dezembro, a Braé lançou sua primeira fragrância corporal: Braé For Her, um perfume com notas florais e cítricas criadas pelo perfumista brasileiro Eurico Mazzini a partir de essências de bergamota, flor de peônia, rosa e jasmim.

Como de praxe, o marketing será baseado na influência via redes sociais. A embaixadora da nova linha é a atriz Paolla Oliveira.

“Este lançamento não apenas marca a entrada da Braé no universo da categoria pele de perfumaria, mas também representa um passo importante para outras categorias de produtos voltados ao cuidado da mulher,” conclui Antunes.

Fonte: Exame

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