Data Mercantil

O pior já passou? Renner mostra balanço fraco, mas mercado se anima com sinais de melhora

Empresa mostrou queda nas vendas e no lucro, mas bancos avaliam que retorno esperado compensa o risco

A empresa Renner enfrentou o impacto de um cenário macroeconômico marcado pela inflação e endividamento das famílias, algo que o mercado já previa. Apesar de ter registrado uma queda significativa de mais de 36% no lucro do segundo trimestre, conforme demonstrado no balanço divulgado ontem, e um recuo de 6,8% nas vendas nas mesmas lojas, suas ações abriram o dia em alta.

Os analistas do mercado acreditam que as perspectivas para os próximos trimestres são promissoras, inclusive para a Realize, a financeira da empresa que tem enfrentado dificuldades, e que o retorno do investimento compensa os riscos. Importantes bancos de investimento, como o BTG Pactual e o Goldman Sachs, mantiveram suas recomendações de compra para as ações da Renner. Por volta das 13h, o valor do papel subiu 7,76%, atingindo R$ 19,99.

Ambos os bancos consideram que a empresa está subvalorizada no mercado de ações. O Goldman calcula uma relação P/L de 13 vezes com base nas estimativas para 2024, enquanto o BTG fala em 12 vezes. As razões para essa visão otimista estão relacionadas à eficiência operacional da companhia, que tem realizado cortes de custos na área de TI, por exemplo, e também ao cenário macroeconômico que parece estar melhorando.

“As perspectivas para o segundo semestre parecem melhores, com sinais de demanda evoluindo gradativamente nos últimos meses, inflação e juros mais baixos, e custos de matéria-prima mais baixos”, escrevem Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima, do BTG. O banco estabelece um preço-alvo de R$ 26 para a ação da Renner.

A vertical que tem preocupado o mercado há mais tempo é a Realize, que pode ter um processo de recuperação mais lento e ser o verdadeiro ponto fraco da varejista. No segundo trimestre, o Ebitda da operação foi negativo em R$ 54 milhões.

“Reconhecemos que os investidores podem buscar maior consistência nas vendas e indícios de que a operação da Realize se torne mais positiva”, escreve a equipe chefiada por Irma Sgarz no Goldman. “Acreditamos que esta última levará mais tempo para se recuperar, mas vemos que a melhoria da qualidade do crédito e os custos de financiamento mais baixos podem ajudar a restaurar alguma lucratividade ainda em 2024.”

O Goldman Sachs estabelece um preço-alvo de R$ 27 para as ações da Renner. Quanto aos principais riscos, o banco menciona a possibilidade de uma desaceleração no crescimento das vendas nas mesmas lojas, o que afetaria as projeções de Ebitda e lucro por ação, além dos desafios relacionados à implementação do omnichannel. O BTG também adiciona a preocupação com a concorrência de novos players: “Preocupações estruturais dependem da concorrência de players nativos digitais como Shein, especialmente considerando a isenção de imposto de importação para plataformas internacionais.”

Fonte: Pipeline Valor

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