Data Mercantil

S&P altera perspectiva do rating do Brasil de estável para positiva; Ibovespa amplia ganho e dólar cai

Bolsa brasileira encerra no melhor patamar desde outubro do ano passado, enquanto moeda norte-americana mantém trajetória de desvalorização ante o real

Em um dia em que todas as atenções dos investidores estavam voltadas ao congelamento da alta dos juros nos Estados Unidos, o mercado brasileiro foi surpreendido positivamente pela melhora da perspectiva da nota pelo S&P Global Ratings, a primeira revisão para cima desde 2019.

A soma dos dois fatores fizeram o Ibovespa, referência do mercado acionário do Brasil, registrar alta firma de 1,99%, fechando a sessão aos 119.068 pontos, o melhor patamar desde 21 de outubro do ano passado.

O aumento da propensão dos investidores às empresas brasileiras refletiu na desvalorização do dólar ante o real. A moeda norte-americana encerrou o dia com queda de 1,06%, negociada a R$ 4,810.

O desempenho manteve a trajetória de queda observada no câmbio nas últimas semanas e deixa o dólar no patamar mais baixo ante a divisa brasileira desde 6 de junho do de 2022.

A alta do Ibovespa foi puxada por empresas mais sensíveis à economia doméstica, também refletindo a melhor do cenário econômico brasileiro.

O movimento foi liderado pelas ações da Gol (GOLL4), com valorização de 11,8%. Na sequência, Yduqs (YDUQ3) ganhou 9,86%, enquanto Azul (AZUL4) subiu 8,66%.

A valorização do mercado também foi sustentada pelas blue chips, como são chamadas as empresas com maior peso no indicador.

A Vale (VALE3) fechou o dia com alta de 1,75%, refletindo a alta do minério de ferro no mercado global.

As ações da Petrobras também figuraram entre as principais altas do dia, a despeito do movimento de queda do barril de petróleo.

Os papéis preferenciais (PETR4) e ordinários (PETR3) tiveram a mesma alta de 4,3%.

S&P mais otimista com Brasil

O S&P, uma das agências de classificação de risco com maior prestígio entre os agentes financeiros, mudou a classificação do Brasil de “estável” para “positiva”, informou a agência em relatório divulgada hoje.

Segundo os analistas, apesar do país ainda apresentar grandes déficits fiscais, o crescimento contínuo do Produto Interno Bruto (PIB) e a organização da política fiscal “podem resultar em um aumento menor do ônus da dívida do governo do que o inicialmente esperado”.

“Revisamos nossa perspectiva para o Brasil de estável para positiva e reafirmamos nossos ratings de crédito soberano ‘BB-/B’”, informou o grupo.

“Nossa visão positiva baseia-se na perspectiva de que medidas contínuas para enfrentar a rigidez econômica e fiscal podem reforçar nossa visão da resiliência da estrutura institucional do Brasil e reduzir os riscos à sua flexibilidade monetária e posição externa líquida”.

A agência de classificação afirmou que as perspectivas de crescimento da economia brasileira podem ser beneficiadas pelos sinais de maior certeza sobre as políticas fiscais e monetárias.

“O crescimento contínuo do PIB somado ao quadro emergente para a política fiscal pode resultar em uma carga de dívida pública menor do que o esperado, o que pode apoiar a flexibilidade monetária e sustentar a posição externa líquida do país”, informou o S&P.

“Tais desenvolvimentos reforçariam nossa visão da resiliência da estrutura institucional do Brasil, com formulação de políticas estável baseada em amplos freios e contrapesos entre os poderes executivo, legislativo e judiciário do governo”.

Fed morde e assopra

Mais cedo, o mercado repercutia os próximos passos da política monetária dos Estados Unidos e os sinais de que a alta dos juros pode estar chegando ao fim.

O Fed interrompeu a alta dos juros e manteve a taxa entre 5% e 5,25%, porém sinalizou que a pausa é momentânea e que novos aumentos devem ocorrer ainda neste ano. Além disso, o comunicado indicou que o corte dos juros deve ocorrer apenas a partir do ano que vem.

Em um primeiro momento, a previsão de novos aumentos das taxas da maior economia do mundo repercutiu negativamente nas bolsas, já que juros altos mantêm o incentivo aos investidores deixarem o dinheiro em renda fixa.

O presidente do Fed, Jerome Powell, porém, amenizou parte do pessimismo ao afirmar que o caminho para a alta dos juros está perto do fim, apesar de ainda ver riscos altos para a inflação.

“É razoável ir mais devagar conforme nos aproximamos do destino final dos juros”, afirmou Powell em coletiva de imprensa após a publicação dos dados.

Segundo o presidente, a decisão de interromper a escalada das taxas foi compartilhada pela maior parte dos diretores do Fed.

A maioria do mercado aposta que o Fed já retoma a alta dos juros na próxima reunião, em 26 de julho, segundo levantamento da plataforma CME.

Fonte: CNN

Sair da versão mobile