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A personal trainer que virou a principal executiva da Bio Ritmo

Os dias de Julia Michelin ainda incluem as diversas academias do grupo Bio Ritmo, onde começou como personal trainer em 2015, mas desde 2019 passaram a incluir os escritórios. Michelin foi de personal a diretora da rede de academias e hoje está à frente dos 700 funcionários da empresa e de equipes de marketing a finanças.  

Quando veio a pandemia e o isolamento, Michelin, à época gerente geral de ginástica, estava acostumada com o ritmo do trabalho presencial e, com todas as academias fechadas, foi a responsável por gerir a crise com o congelamento das matrículas, além de pensar em formas de fortalecer a marca virtualmente. “Era o momento de ações extremas: ou de ficar parada ou usar a oportunidade para fortalecer a marca”, diz. Depois de implementar ações como lives de treinos, aluguel de bikes e uma plataforma online de exercícios, a empresa superou os patamares pré-pandemia, dobrou o faturamento de 2021 para 2022 e aumentou sua base de alunos em 29%, tudo isso sob a liderança da executiva.

Foi o contato direto com os colaboradores e clientes, ainda como personal, que fez da executiva a pessoa mais preparada para assumir, em julho do ano passado, a diretoria de operações da Bio Ritmo. “Viver o que os colaboradores vivem, o abrir cedinho e fechar tarde da noite, me trouxe empatia, além da capacidade de escuta ativa para o cliente”, diz a executiva, que era chamada de síndica por essa proximidade com os alunos da academia.

Como subir na empresa

Em 2015, assumiu o primeiro cargo de liderança, como gerente geral de ginástica da Bio Ritmo, a grande virada da sua carreira, que precedeu a migração para a área de operações – e também uma gravidez. “Fiquei com algumas neuras do tipo ‘será que eu vou perder meu lugar?’ Preciso me mostrar muito produtiva e continuar treinando para ser uma mãe fitness.” 

Ela atribui seu crescimento na empresa à curiosidade e à postura de “se enfiar onde não havia sido chamada”. Mas conforme foi assumindo cargos de gestão, sentiu a necessidade de complementar sua formação técnica e fez um curso voltado para transição de carreira executiva, cuja última etapa foi concluída em Barcelona. 

Antes de buscar a liderança, segundo ela, é preciso fazer o básico bem feito. Depois, saiba o que você deseja – e o autoconhecimento é a chave para isso. “As pessoas não sabem suas qualidades, seus defeitos, os pontos a melhorar. Sem saber nada disso fica muito difícil construir uma carreira.”

Além de trazer consigo a experiência do dia a dia das academias, a executiva sabe qual o diferencial da sua gestão. “Uma coisa que me destacou é não ter medo do confronto. A coragem de colocar o elefante branco na mesa, de falar do problema que ninguém quer falar.”

Dedo na modernização da marca Bio Ritmo

A importância de ter clareza de quem se é também vale para as marcas, e desde o retorno pós-pandemia a Bio Ritmo vem mudando seu posicionamento, uma virada que tem muito de Michelin e seu time. “Essa sofisticação passa por pensar em quem a gente se relaciona como marca e em como tratar o time para que ele trate o cliente”, diz a diretora da Bio Ritmo, que se posiciona no mercado de luxo. 

No ano passado, a empresa patrocinou o Réveillon Mil Sorrisos, em Maragogi, e, no último mês, fez parte da Casa Clube Sephora, uma parceria com a marca de cosméticos em que era possível conhecer as aulas da Bio Ritmo, de luta a yoga, e aproveitar 100% do valor da inscrição em créditos na Sephora. 

Para além do impacto financeiro e de posicionamento de marca, a executiva também tem um olhar importante para a tecnologia. “Temos trabalhado muito para que a tecnologia nos ajude a expandir as barreiras da academia para que o treino seja mais moderno”, como, por exemplo, com a função de reservar um lugar no treino ou uma bike no spinning diretamente pelo app e investindo em projetos de eficiência financeira. “Sou muito prática e trago análise de dados para tomarmos decisões a partir dos números e da realidade, não de intuição.”

O trabalho exige que a executiva esteja sempre de olho no celular, para apoiar eventuais necessidades das academias, e ela equilibra essa rotina enquanto cuida da filha de seis anos e, claro, vai à academia. Faz musculação ao menos duas vezes por semana e aula de hot yoga no Vidya, marca do grupo, em uma sala de 40º, sempre que dá. “A yoga é bastante importante para mim, ensina a ter equilíbrio e ser a paz no meio do caos.” 

Turning point da carreira

“Barcelona. Essa viagem, esse lugar, com aquelas pessoas mudou a minha carreira dentro de mim e depois mudou todo o resto. Mas na prática foram as duas grandes mudanças, a primeira para gerente de ginástica e mais recentemente para diretora de operações.”

Quem me ajudou

“Gente demais. Além da minha mãe e da minha filha, que dá uma desanuviada quando eu chego em casa, no trabalho tem uma pessoa que foi a pessoa que me contratou e me deu as primeiras oportunidades de gestão. O CEO me ajuda muito hoje, me oferece uma gentileza, uma vontade de ensinar que eu não esperava que fosse receber e que é muito bacana.”

O que ainda quero fazer

“Muita coisa, na vida e aqui dentro. Tem muita coisa para fazer, muita oportunidade. Eu gosto muito de me envolver pessoalmente em causas sociais, tem algumas instituições que eu gosto de apoiar e de estar sempre por perto. Se eu tivesse mais tempo, eu faria mais, mas isso é algo que eu pretendo me envolver mais a longo prazo.”

Causas que abraço

Meio ambiente, mulheres em situação de risco e animais, principalmente gatos, são as minhas principais causas hoje e que eu apoio como pessoa física.”

Minha formação

Educação física, com pós-graduação em envelhecimento e programa de management development na instituição espanhola IESE, uma das melhores do mundo.

Fonte: Forbes

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