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Coreia do Sul anuncia plano para indenizar vítimas de trabalho forçado pelo Japão

A Coreia do Sul anunciou, nesta segunda-feira (6), um plano para indenizar seus cidadãos que foram vítimas de trabalho forçado imposto pelo Japão durante a guerra, uma medida para melhorar as relações bilaterais e que gera polêmica.

A Coreia do Sul e o Japão são importantes aliados dos Estados Unidos na região, mas suas relações bilaterais são prejudicadas pelo brutal domínio colonial de Tóquio na península coreana entre 1910 e 1945.

Cerca de 780.000 coreanos foram recrutados para trabalhos forçados durante a ocupação japonesa, segundo dados sul-coreanos. Este registro não inclui as mulheres submetidas à escravidão sexual por soldados japoneses.

O novo plano do governo de Seul é usar uma fundação local para receber doações de empresas sul-coreanas que se beneficiaram do pacote de reparações do Japão em 1965 para compensar as vítimas.

O ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Park Jin, disse esperar que o Japão responda “positivamente” à decisão e que haja uma contribuição voluntária das empresas japonesas.

“A cooperação entre Coreia e Japão é muito importante em todas as áreas, da diplomacia à economia e segurança, em meio à grave situação internacional e à complexa crise global”, disse Park.

Este novo plano oferece uma oportunidade para “criar uma nova história para a Coreia e o Japão, superando antagonismos e conflitos para seguir em frente”, acrescentou o funcionário.

– Reação do Japão –

O ministro das Relações Exteriores japonês, Yoshimasa Hayashi, afirmou que seu governo “aprecia” o anúncio sul-coreano como uma forma de “restaurar relações saudáveis”.

Mas também deu a entender que o Japão não emitirá um novo pedido de desculpas sobre esta questão.

Tóquio insiste que um tratado de 1965, segundo o qual os dois países restabeleceram as relações diplomáticas com um pacote de reparações de US$ 800 milhões (cerca de R$ 4,16 bilhões) em doações e empréstimos, resolveu todas as reivindicações da era colonial.

A Casa Branca comemorou “um novo capítulo revolucionário de cooperação e parceria” entre os dois países.

Da mesma forma, o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, aplaudiu o plano e disse estar “inspirado pelo trabalho que (ambos os países) têm feito para impulsionar suas relações bilaterais”.

A imprensa japonesa já havia informado anteriormente que as empresas do país poderiam fazer doações à fundação.

Esse plano, no entanto, recebeu críticas de grupos de vítimas, que exigem uma indenização financeira e um pedido de desculpas direto das empresas japonesas envolvidas.

Em 2018, a Suprema Corte sul-coreana ordenou que algumas empresas japonesas pagassem indenizações pelo trabalho forçado durante a ocupação.

“A importância do anúncio de hoje será amplamente medida pelo que o Japão fará a seguir”, disse Benjamin A. Engel, acadêmico da Universidade Nacional de Seul.

As disputas entre os dois países se concentraram por muito tempo em torno da questão da escravidão sexual durante a Segunda Guerra Mundial.

Segundo historiadores, até 200.000 mulheres – principalmente coreanas – foram forçadas à prostituição em bordéis de militares japoneses.

Fonte: AFP

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