Data Mercantil

Minerva sente queda de preço na Argentina e incertezas na China

Ação chegou a cair 7,5% nesta sexta, numa semana bastante volátil para o papel; abertura de mercado no México e plantas internacionais devem amortecer impacto de vendas

A semana foi curta mas bastante volátil para a Minerva. A companhia de carne sofreu na quarta-feira, com investidores repercutindo o bloqueio de exportações brasileiras à China devido a um caso de vaca louca no mercado nacional (o que puxou também JBS e Marfrig). Ontem, o papel da Minerva subiu forte, corrigindo o baque com a notícia da abertura do México para a carne nacional e com a informação de que pode suprir parte das exportações à Ásia com sua produção no Uruguai e na Argentina. Mas aí veio o balanço à noite e, na manhã desta sexta, o papel chegou a despencar 7,5%. Às 14h, caía 4,2%.

No quarto trimestre, a companhia reverteu o lucro do mesmo período do ano passado, fechando com prejuízo de R$ 25,7 milhões. O Ebitda caiu 17,4%, para R$ 608 milhões, em maior medida que a retração de receita, que foi de 8,2%. O desempenho foi abaixo do esperado pelo Santander, que já tinha sido mais conservador – esperava Ebitda 6% acima do reportado, enquanto a média do mercado indicava 13%.

Para o BTG, que tinha projeções mais otimistas, foi um fim de ano fraco em um ano forte (no ano, o resultado foi positivo, a R$ 655,1 milhões, alta de 9,4%). O banco esperava Ebitda 14% maior que o reportado no último trimestre. O preço efetivo médio caiu 14% na comparação anual, aponta.

“Desapontar as expectativas de receitas nessa medida não é comum para a Minerva. A margem bruta foi sólida a 19,5% e denota spread saudável na carne bovina. Mas a magnitude de queda do preço médio (20% na comparação trimestral) foi bem maior que o antecipado, com os preços da Argentina despencando 44%”, emenda o BTG.

Os dois bancos destacaram, na ponta positiva, o sólido fluxo de caixa de livre de R$ 268 milhões, com dividendo adicional de R$ 0,36 por ação. “Olhando para frente, acreditamos que a retomada da exportação de carne do Brasil para China e a capacidade da Minerva de suprir clientes a partir de Uruguai e Argentina serão os principais vetores para a ação”, escreveram os analistas Rodrigo Almeida e Laura Hirata, mantendo a recomendação de compra.

Além do bloqueio temporário chinês, ainda preocupa analistas se a tendência se mantém de queda de demanda naquele mercado por proteína anima, como a exibida nos números do final do ano passado. A China responde por cerca de 40% das exportações de carne da Minerva no período. Nos últimos dias, a demanda naquele país voltou a subir, segundo os executivos do setor – mas as companhias brasileiras vão sentir o bloqueio temporário mesmo com suprimento parcial por outros mercados.

Os executivos da Minerva fizeram projeções realistas. “Para o primeiro trimestre de 2023, vemos um resultado de receita e margens mais baixo. Ainda será um período difícil, mesmo que, na nossa visão, o embargo seja algo de curto prazo. Preferimos deixar o otimismo para o segundo e terceiro trimestres”, disse o CFO Edison Ticle a investidores e analistas nesta manhã.

No ano, o papel acumula queda de 11%. JBS cai 13% e Marfrig perde 26%.

Fonte: Pipeline Valor

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