Data Mercantil

“Iniciativas totalmente disruptivas e escaláveis virão do Brasil”, diz fundador da Antler

Com veículo de até US$ 50 milhões, gestora já apoia seis empreendedores locais no país e quer chegar a 100 nos próximos cinco anos

Fundo de venture capital global com cerca de US$ 1 bilhão em ativos sob gestão no mundo, a Antler mal chegou ao Brasil e já encontrou seis fundadores para dar suporte econômico e consultoria e quer chegar a 100 nos próximos cinco anos no país. A gestora conta com dois fundos globais e outros 14 veículos regionais de investimento, incluindo um recém-lançado por aqui, de até US$ 50 milhões, e que será investido ao longo dos próximos 10 anos.

“O capital hoje é global, assim como a inovação”, disse Magnus Grimeland, fundador e CEO da Antler, ao Pipeline. “O Spotify, da Suécia, ultrapassou a Apple como a empresa mais relevante na indústria música. Algo semelhante vai acontecer em São Paulo nas próximas décadas: tenho certeza de que vamos testemunhar iniciativas totalmente disruptivas e escaláveis vindas do Brasil. Queremos apoiar esses founders com a nossa rede e ajudar a expandir para qualquer parte do mundo”.

Depois de abrir um escritório em São Paulo no fim do ano passado, a firma que marca presença física em 25 cidades de todos os continentes e tem outros 15 aportes em vista para este ano no país.

A Antler tem um processo diferenciado de investimento. Antes de aportar o capital, a gestora apoia founders, que chegam com pouco mais do que uma ideia, durante um processo de incubação e conecta a outros executivos dispostos a tirarem os planos do papel. Ao final da residência, que leva cerca de 10 semanas, são escolhidas as iniciativas que receberão investimento. Aqui, os founders se reúnem com mentores e colegas no Cubo Itaú.

Dessa forma, já apoiou mais de 730 startups em early stage, de 30 indústrias diferentes, com valuation agregado de US$ 3,2 bilhões. São iniciativas nas mais diversas áreas, de biotecnologia e Web3, a finanças e varejo. Os aportes são padronizados em US$ 150 mil por startup selecionada com previsão de exit em até cinco anos. Em troca, a gestora fica com 10% do cap table das investidas, um share que parece saudável: 50% das startups no portfólio já conseguiram levantar rodadas subsequentes.

Em um dos cases de maior sucesso, a gestora apoiou o desenvolvimento da XanPool desde o rascunho. A plataforma de criptoativos com sede em Hong Kong captou US$ 41 milhões no fim do ano passado a um valuation de US$ 400 milhões. A Antler acompanhou em follow-on para permanecer como sócia.

“Brinco que normalmente os fundos de early stage investem numa ideia no PowerPoint. Aqui, até isso a gente ajuda a criar. A gente entende que o maior valor de uma startup está num time de fundadores extraordinários”, diz Marcelo Ciampolini, sócio da Antler à frente da operação no Brasil ao lado de Carolina Strobel. “Nós oferecemos apoio com mentoria própria e de pessoas do mercado. Na verdade, a gente acabou criando um selo. A empresa já nasce com boas práticas, cap table adequado e o sócio certo para o negócio.”

No Brasil, o primeiro programa já rendeu seis novos investimentos entre 25 participantes. No fim de março, já começa uma nova residência – ainda dá tempo de o empreendedor em fase de pré-lançamento de um negócio ou ideia participar, no que a companhia define como cohort.

Entre as selecionadas, a Mabe Rio, fundada por Marina Belintani e Rachel Maranhão, busca desenvolver materiais sustentáveis para a indústria da moda: o primeiro produto é um couro 100% biodegradável feito a partir de uma semente nativa brasileira. Outra investida no primeiro cohort, a Snout vai oferecer telemedicina para pets, além de serviços de dados como armazenamento de cartões de vacinação, receitas de medicações e prescrição de exames.

O plano é investir em cerca de 100 empresas até 2028 por aqui, já que o país tem se destacado em inovação. Na América Latina, o Brasil é o país com o maior número de unicórnios: são mais de 30, contando as listadas. De acordo com a Abstartups, de 2015 para 2022, o número de startups cresceu quatro vezes no país, para 21 mil.

A Antler também procura criar negócios que se preocupem com diversidade e outras práticas da economia do futuro. Na residência que aconteceu no Brasil entre setembro e dezembro, 27% dos empreendedores selecionados se autodeclaram pretos ou pardos. Além disso, 70% de todas as empresas no portfólio da gestora hoje estão alinhadas com pelo menos um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Filho de brasileira, Grimeland fundou a Antler, em 2017, em Singapura, mas sempre manteve o Brasil nos planos. “Estamos animados de chegar ao país”.

Fonte: Pipeline Valor

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