Data Mercantil

Ela investiu R$ 800 em negócio para vender tapiocas; hoje fatura R$ 500 mil

De família pobre na Bahia, Deia Lopes, 36, mudou-se para São Paulo aos 13 anos, em 1999, para morar com uma irmã e aqui trabalhou como faxineira, babá e no McDonald’s. De volta à Bahia, em 2004, foi ajudante de cozinha em um resort em Itacaré; depois, em outro, fazia tapioca no café da manhã vestida de baiana. Em 2009, decidiu investir em um negócio próprio: abriu a Toca da Tapioca, em Serra Grande, distrito de Uruçuca (BA), com R$ 800. Em 2021, faturou R$ 500 mil.

Em julho deste ano, Deia lançou, inicialmente no mercado baiano, os discos de tapioca ultracongelados (similar à massa semipronta do Rap10), mas pretende expandir para todo o país. O pacote com 6 unidades sai por R$ 9,50 na Bahia. O preço não deve ser o mesmo em outras regiões.

“Durante uma ida ao mercado, vi uma moça saindo com alguns pacotes de Rap 10 e, nesse momento, teve o estalo para a criação dos discos de tapioca. Depois, nós o aperfeiçoamos para lançar o produto ultracongelado. A validade passou de 12 dias para três meses”, diz ela.

Além da tradicional branca, há também discos de tapioca saborizados (cenoura com cúrcuma, beterraba e ervas).

Mãe vendia amendoim na rodoviária

Deia conta que cresceu vendo a mãe, Elenita da Conceição, se virando para cuidar dos 13 filhos, enquanto o marido ficava dois ou três anos fazendo bicos de pedreiro em outros estados, sem dar notícias. “A lembrança que tenho do meu pai [Valdemar Soares Santos] é que, quando ele aparecia, nós conseguíamos ter três refeições no dia: café, almoço e jantar”, diz referindo ao dinheiro que ele levava para a família.

Segundo ela, para sustentar os filhos, Elenita fazia faxina, lavava roupas e também vendia amendoim na rodoviária de Ubaitaba (BA) “todo santo dia”.

Aos 13 anos, Deia decidiu ir morar com uma irmã em Barueri (SP). Ficou em São Paulo até os 18 anos, quando engravidou e decidiu retornar à Bahia. Trabalhou como ajudante de cozinha em um resort em Itacaré, durante a temporada (de setembro a fevereiro). Na temporada seguinte, em 2005, em outro resort, Deia fazia tapioca durante o café da manhã dos hóspedes, sempre vestida com roupas de baiana. Ganhava várias gorjetas, diz.

“Por uns anos, trabalhei nas temporadas de primavera-verão em resorts no sul da Bahia e voltava para São Paulo, sempre fazendo bicos na gastronomia. Deixava o meu filho com minha mãe”, diz.

De volta à Bahia de vez, em 2008, Deia foi trabalhar em uma pousada em Serra Grande, onde também morava com o filho.

Mas o dinheiro nunca dava. Por isso, coloquei na cabeça que precisaria mudar aquela situação. Então, com R$ 800 das primeiras férias, aluguei um ponto pequeno, comprei insumos e dois jogos de mesa e abri a Toca da Tapioca em 2009.
Deia Lopes, dona da Toca da Tapioca

Nordestina é a mais vendida

Na época, ela tinha apenas cinco tipos de recheio (que estão no cardápio até hoje). Atualmente, são 22 sabores.

Cinco anos depois, Deia mudou o negócio para um espaço maior. Em 2016, comprou um terreno e construiu o atual restaurante, que, além de tapiocas, passou a vender pratos à base de peixes, carnes e frutos do mar. No ano passado, o faturamento foi de R$ 500 mil, e o lucro, R$ 115 mil.

Entre as tapiocas, a mais vendida é a Nordestina (carne seca desfiada, banana da terra grelhada e queijo muçarela), por R$ 19. A mais barata é a Baianinha (coco fresco ralado e leite condensado), por R$ 7, e a mais cara, a Lampião (carne seca, queijo coalho, tomate e cebola grelhada), por R$ 24,90.

Fortalecer a marca dos discos de tapioca

Ariadne Mecate, consultora de negócios do Sebrae-SP, diz que Deia Lopes tem características empreendedoras, como persistência, iniciativa, busca por conhecimento e comprometimento com o que faz.

“Ela foi inovadora ao lançar os discos de tapioca. A sacada foi genial, pois o produto chega como uma solução prática para o dia a dia das pessoas, além de abrir outra frente de renda para a sua empresa”, afirma.

A consultora diz, no entanto, que é preciso estruturar muito bem o plano de negócio do novo produto, como escolher os canais de venda (direta, e-commerce, representantes comerciais, etc.), precificar o produto para garantir sua margem de lucro e até registrar a marca, para se blindar da concorrência.

Para atrair a clientela, Ariadne diz que algumas opções são fazer degustação do produto, firmar parcerias com influenciadores digitais para a divulgação da marca e com hotéis, restaurantes e academias para a venda dos discos de tapioca e ainda criar planos de assinatura para os clientes.

Outro cuidado é com a concorrência. “Tapioca não é nova, mas os discos de tapioca são. É importante fortalecer a marca dela, para que ela seja vista como pioneira, e não descuidar da qualidade”, declara.

Onde encontrar:

Toca da Tapioca: https://www.instagram.com/tocadatapioca.restaurante/

Fonte: Uol

Sair da versão mobile