Data Mercantil

Eles sofreram preconceito ao criar uma cerveja ligada ao skate. Hoje, faturam R$ 60 milhões

Marca quer entrar em novos mercados como Estados Unidos, Europa e Indonésia. A previsão é de que a primeira unidade internacional seja aberta nos Estados Unidos, em 2024

LayBack começou com o desejo de um pai e um filho que queriam criar uma cerveja para celebrar os bons momentos e as boas amizades. André Barros e seu filho, o skatista e hoje medalhista olímpico Pedro Barros, estavam acostumados a brindar os bons momentos mundo afora. Não sabiam, porém, que era tão difícil entrar no mercado com uma cerveja.

Como não tinham interesse em investir em fábrica, a primeira batalha foi encontrar quem estivesse disposto a produzir a cerveja e o segundo ter canais para escoar o produto, uma pilsen artesanal.

“Precisávamos de parceiros para investir no nosso produto. Quando você chegava nas cervejarias e falava que era uma marca de um skatista, o cara te escutava por dois minutos, falava que era ‘legal’ e sumia”, afirma Rafael Alcici, CEO da empresa.

Ele chegou à empresa em 2017 e caiu em um mundo desconhecido. Engenheiro civil de formação, tinha deixado o universo de pontes e estradas em sua terra natal, Minas Gerais, para empreender em Florianópolis, Santa Catarina, em um negócio de hotelaria. Foi onde conheceu pai e filho e tempos depois se associou à dupla.

“Eu vivi muito do preconceito que tinha com o skate quando a gente procurava cervejaria. Já escutei de tudo, que era esporte de marginal, coisa de criança, que se quisessem vender cerveja chamavam o Wesley Safadão. Até a gente ter as nossas casas, nós apanhamos bastante”, diz o executivo.

Como foi a virada da marca

Após anos de vendas minguadas, a mudança de chave veio como a estratégia de criar o próprio canal de varejo e de construção de marca, assim nasceu o primeiro LayBack Park, em 2018, em Florianópolis, Santa Catarina.

São espaços que reúnem opções como pistas de skate, bar, foodtrucks, lojas e estúdios de tatuagem e se tornaram pontos de encontro para quem curte o lifestyle de skate e surf.

Hoje, já têm 17 estabelecimentos distribuídos entre Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Brasília. Para escalar, o formato tem baixo custo de implementação e os parceiros pagam aluguel pelo uso do espaço ou parte do que arrecadam com as vendas. “O nosso modelo é muito colaborativo, eles pagam um terço do que pagariam em outros lugares”, diz Alcici.

Até o fim do ano, o número deve chegar a 20 espaços em operação e, em dezembro de 2023, atingir 25. É um número que a empresa coloca como limite na estratégia de expansão em território nacional como uma forma de preservar os valores e o conceito da marca. Pelo mesmo motivo, não pensam em franquiar o modelo de negócios.

Os espaços pipocaram entre 2021 e 2022, período em que foram construídos 12, e surfaram também a onda da Olimpíadas de Tóquio, a primeira com a participação do skate. O Brasil saiu do Japão com três medalhas de prata, incluindo uma do Pedro Barros. E no surf, esporte-irmão e outro estreante no evento, ganhou uma medalha de ouro com Ítalo Ferreira.

Em 2021, o faturamento registrou alta de 500% em relação ao ano de 2020, avançando de R$ 6 milhões para R$ 30 milhões. Para 2022, a estimativa é de dobrar o valor e chegar a R$ 60 milhões.

Com a consolidação do modelo de LayBack Park, a expectativa é de que o ritmo de crescimento diminua um pouco. A empresa quer centrar esforços em ampliar a distribuição da cerveja no varejo e entende que é um processo mais moroso até que o resultado apareça.

Atualmente, os espaços são os principais clientes da marca e consomem em torno de 840 mil litros por ano dos rótulos, que inclui uma IPA e um APA, além de edições sazonais.

Quais as novas fronteiras

À medida que avança, a empresa olha para outros mercados. Geograficamente, quer expandir a marca para os Estados Unidos, Europa, a partir de Portugal, e Indonésia, casa da famosa cerveja Bintang, uma das inspirações de Barros para a criação da LayBack. Entre os três, os Estados Unidos devem ser o primeiro destino, estimado para 2024.

Em termos de negócios, pretende ampliar o núcleo de projetos proprietários, eventos que desenvolve em torno do ecossistema de skate e surf. A área representa em torno de 8% do faturamento e está muito centrada em competições com atletas de base dos dois esportes. Na mesma linha de fomentar o esporte, lançou recentemente a LayBack Skate School para capacitar jovens skatistas.

A confecção de produtos e coleções de roupas que levem a marca para o dia a dia dos clientes também deve ganhar um impulso a partir de 2023.  “Nós usávamos mais como marketing, uma lembrança de quem visitou. Agora, passamos a encarar como um negócio”, afirma Alcici, para quem o maior desafio é manter o negócio sustentável sem ter que colocar alguém para dentro que queira mudar o lifestyle da marca.

Fonte: Exame

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