Data Mercantil

Elas criaram uma comunidade de 20 mil altas executivas e odeiam o termo ‘girl boss’

As empreendedoras Carolyn Childers e Lindsay Kaplan sentiram em primeira mão o que é ser uma executiva sem apoio e sem contato com mulheres em posições similares. A partir dessa experiência, criaram a Chief, uma comunidade que conta hoje com 20 mil membros e 60 mil pessoas na lista de espera. A startup funciona como um clube, em que altas executivas têm acesso a diversos níveis de apoio: grupos pequenos (escolhidos cuidadosamente, de acordo com o perfil da pessoa), uma rede digital e locais para encontros presenciais.

A Chief adota um modelo B2B2C, no qual as mulheres são as clientes finais, mas quem paga a taxa de assinatura, em 70% dos casos, é a empregadora. Para ser membro da comunidade, é preciso desembolsar de US$ 5.800 a US$ 7.900 anuais, mais US$ 1.000 para acesso aos quatro espaços físicos nos Estados Unidos.

O preço parece salgado, mas as empreendedoras apostam que a possibilidade de obter mentoria e networking dentro da comunidade substitui o pagamento de um coach de carreira para a executiva, por exemplo. “É uma ferramenta de desenvolvimento de liderança”, afirma Childers. “Estamos animadas porque conseguimos um impulso com empresas nas quais as mulheres estão no poder.”

Para ser aceita na comunidade, é preciso ser C-level ou vice-presidente, com no mínimo 15 anos de experiência. Essa última regra, admite Kaplan, pode ser flexibilizada, sobretudo no caso de startups – muitas profissionais chegam a altas posições em menos tempo.

Na montagem dos grupos, cada um com dez pessoas, são consideradas características como setor de atuação, tempo de carreira, número de pessoas gerenciadas e posição na hierarquia. “É como ter seu board pessoal”, afirma Kaplan. “O importante é entregar valor rapidamente para o membro da comunidade”, acrescenta Childers, que afirma haver um mercado potencial de 5,5 milhões de mulheres em posição de vice-presidente e C-level nos Estados Unidos.

A startup, fundada em 2019, já levantou US$ 140 milhões e está avaliada em US$ 1 bilhão. Criada como um grupo de 200 pessoas em Nova York, a Chief foi forçada a partir para o digital no começo da pandemia, em 2020. O movimento significou a construção de uma grande plataforma online – e maior escala.

A presença digital também ajudou a expandir a diversidade, afirma Kaplan. “Entre as mulheres nessas posições no país, apenas 18% são não-brancas. Agora, as mulheres não-brancas são 35% dos nossos membros”, diz ela.

Sobre ser “girl boss”, Kaplan pergunta à plateia do TechCrunch Disrupt 2022: “Quantos dos homens aqui se identificam como ‘boy boss’?”. Ninguém levanta a mão. “É o mesmo motivo pelo qual não gostamos da frase ‘mulheres na liderança’. É só liderança. Não infantilizem as mulheres nos chamando de ‘girl boss’”.

Fonte: Revista PEGN

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