Data Mercantil

O investimento bilionário da GV Resorts para dividir a sombra e a água fresca no Nordeste

De acordo com o CEO da marca, a venda das frações imobiliárias hoteleiras não é muito diferente da venda de um apartamento na planta. “Nós lançamos o projeto, vendemos as unidades na planta, construímos e entregamos”, diz Pereira. O faturamento da empresa é justificado pelo número de lançamentos. “Cerca de 70% de todos os nossos lançamentos foram feitos nos últimos 40 meses. Estamos colhendo os frutos agora”, afirma o empresário.

A primeira operação da GAV a sair do papel foi um resort multipropriedade de 320 apartamentos em Salinópolis, uma praia do Pará. Atualmente com oito resorts no portfólio, que vão de 150 a 990 quartos, a GAV está presente em destinos de lazer cobiçados como Porto de Galinhas (PE) e Gramado (RS). Em 2021, a marca faturou R$ 1,1 bilhão com seu modelo de multipropriedade.

As bandeiras hoteleiras que trabalham com multipropriedade costumam dividir suas unidades em 26 ou 52 cotas, em referência a quantidade de semanas que o ano tem. Se um quarto é dividido em 26 cotas, por exemplo, cada cotista pode utilizar o imóvel por 2 semanas ao ano, mas é possível que uma mesma pessoa compre mais de uma cota.

Nos resorts da GAV, o valor médio da fração imobiliária gira em torno de R$ 50 mil, o que dá direito a duas semanas de hospedagem a cada 12 meses. O público-alvo da marca é a classe média.

“A multipropriedade hoteleira é feita para despertar desejos. Ninguém sai de casa pensando em comprar um quarto de resort”, admite Pereira. Esse ano, a GAV já lançou 92 mil cotas multipropriedade de 3.210 quartos em seus resorts. A meta é chegar ao final do ano com 55 mil clientes com escritura assinada.

A ambição do grupo goiano – criado com a união de três sócios das construtoras Gratão, Amec e Vallepar – está ancorada nos números otimistas do mercado de multipropriedade brasileiro. Desde que foi regulamentado em 2018, o segmento virou uma tendência na hotelaria nacional e cresceu, em média, 24% ao ano nos últimos quatro anos, segundo a consultoria Caio Calfat.

De acordo com a consultoria, o número de frações imobiliárias disponíveis no mercado brasileiro em 2022 cresceu 31% em relação a 2021, alcançando 767.465 cotas lançadas. Já o Valor Geral de Vendas saltou 45% em relação ao ano passado, fazendo da multipropriedade um mercado potencial de R$ 41 bilhões.

As apostas no setor não se restringem apenas a bandeiras hoteleiras nacionais. A rede americana Hard Rock irá fazer sua estreia no Brasil, o primeiro país da América do Sul a receber a marca, com sete empreendimentos multipropriedade. Investimento de cerca de R$ 7 bilhões.

Os resorts da Hard Rock ficarão em Fortaleza (CE), Ilha do Sol (PR), Jericoacoara (CE), Campos do Jordão (SP), São Paulo (SP), Foz do Iguaçu (PR), Recife (PE) e Natal (RN). Desses endereços, o único hotel que não será multipropriedade é o da capital paulista. As unidades de Fortaleza e Ilha do Sol serão as primeiras entregues, ainda no ano que vem.

A incorporadora por trás da vinda da Hard Rock para o Brasil é a VCI, que já conquistou mais de 12 mil clientes e ultrapassou a marca de R$ 1,3 bilhão em vendas de cotas com a empreitada.

No caso da Hard Rock, as unidades também são divididas em 26 frações que dão direito a duas semanas de hospedagem por ano, mas diferentemente da GAV, o produto é voltado para a classe A, com cotas que partem de R$ 96.900 e podem chegar a R$ 239.900, a depender do tipo de acomodação.

“Nosso cliente tem em média 37 anos, é casado e possui renda mensal de pelo menos R$ 25 mil”, afirma Samuel Sicchierolli, CEO da VCI. “Nós queremos fazer o cliente questionar a lógica de ter uma casa de férias que é utilizada poucos dias do ano.”

Fonte: Neofeed

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