Data Mercantil

Como ela criou uma mentoria de empreendedorismo para mulheres negras e conseguiu apoio de gigantes como Meta

Em 2022, com 50 mulheres mentoradas, a Bensà já faturou R$ 81 mil

Fortalecer o empreendedorismo é o lema de Bárbara Lopes, fundadora da Bensà, startup de educação em negócios para mulheres negras. Com sede em Natal, no Rio Grande do Norte, a edtech faz parceria com outras organizações para financiar as aulas de forma que elas sejam gratuitas para as interessadas. Em 2022, com 50 mulheres mentoradas, a empresa já faturou R$ 81 mil.

A decisão de empreender veio quando Lopes ainda estava na faculdade de administração — mas não sabia exatamente o que fazer. Pensou em começar um negócio na área de educação, já que ela já havia dado aulas particulares durante a adolescência. “Eu costumava ensinar os irmãos mais novos dos meus amigos sobre o conteúdo escolar”, afirma a empreendedora de 32 anos. No entanto, queria iniciar um negócio que pudesse incluir a sua família e sabia que aulas particulares seriam mais difíceis.

Foi ao acaso que encontrou uma oportunidade. Na rua da empresa em que trabalhava, havia também uma loja de bolos, a Bolos do Orlando. “Eu gostei do espaço e decidi abrir uma loja da mesma marca, já que não exigia um capital tão alto de abertura”, diz Lopes, que conseguiu uma licença para usar o nome em 2013. Em apenas seis meses, recuperou todo o investimento, e decidiu abrir outra loja.

Em  2015, passou por uma reviravolta em sua vida com o nascimento de seu filho, diagnosticado com autismo. “Entendi que não poderia mais ter aquela vida de trabalhar 12 horas por dia.” Ao repensar sua trajetória, entendeu que uma alternativa seria ter uma confeitaria própria. “Fiquei interessada porque vi que elas costumavam abrir às 12h, tinham um tíquete-médio mais alto e exigiam insumos em menor volume”, afirma. Em fevereiro de 2019, inaugurou a Bendita Confeitaria.

“Encontrei muitas vantagens em ter uma marca que eu criei, porque tinha liberdade para mexer nas receitas e criar campanhas de marketing”, afirma. Durante seis meses, ficou com as operações de ambos os negócios, até vender as lojas da Bolos do Orlando para outros donos.

Depois de criar a marca e mudar seu cotidiano, Lopes passou a receber pedidos de ajuda de amigas que queriam saber como ela organizava sua rotina. A demanda era tão alta que, no fim do mesmo ano, iniciou a Bensà com consultorias individuais, oferecidas dentro da Bendita Confeitaria.

Logo, porém, enfrentou mais um obstáculo. Com a pandemia decretada, teve de pensar em soluções para os seus negócios. Apesar de ter conseguido aumentar o faturamento da confeitaria criando kits especiais, as mentorias não seguiram o mesmo caminho e diminuíram consideravelmente no ambiente virtual.

No ano passado, o jogo foi invertido. Lopes percebeu que os clientes da confeitaria estavam menos interessados em seus produtos — ao mesmo tempo em que o valor dos insumos aumentou. A empreendedora percebeu que não se sentia mais animada com o negócio e, no final de 2021, decidiu se dedicar exclusivamente à empresa de mentoria. No mesmo ano, a startup foi acelerada pela BlackRocks, no Programa Quartzo. Em 2022, Lopes foi convidada a integrar o time para oferecer mentorias por meio da organização. Ela também foi uma das selecionadas da Aceleração de Negócios de Empreendedoras Negras, liderada por Meta e PretaHub.

Uma das táticas para alavancar o negócio foi encontrar outras organizações que topassem financiar as mentorias para que elas fossem gratuitas para as mulheres. No momento, a Bensà tem parcerias com Itaú Mulher Empreendedora, International Finance Corporation (IFC) e Sebrae, instituições de onde vem o faturamento da empresa. 

Os planos são promissores para 2023, quando Lopes pretende oferecer mais opções de mentorias, como atendimento psicológico e atividades fisicas. A busca por novas parcerias também está no radar. A meta é faturar R$ 400 mil.

Fonte: Revista PEGN

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