No Mundo
Terça-feira, 23 de abril de 2024

Giuliani é investigado por interferência eleitoral nos EUA

A defesa do advogado Rudolph Giuliani foi informada que o aliado do ex-presidente dos EUA Donald Trump é um dos alvos da investigação que apura a tentativa do republicano de interferir no resultado eleitoral da Geórgia em 2020.
O estado, em que Joe Biden teve uma margem de vitória de menos de 12 mil votos no pleito presidencial, foi um dos principais alvos de Trump para tentar reverter sua derrota. Giuliani, ex-prefeito de Nova York, surgiu nas últimas semanas como figura central da investigação conduzida no condado de Fulton, segundo reportagem do jornal The New York Times desta segunda (15).
De acordo com a publicação, o advogado deve ser interrogado na quarta (17) por um júri do caso –que nos EUA pode decidir se há evidências para a abertura de um processo. Sua defesa adiantou que ele alegaria sigilo profissional para não responder a questões sobre sua relação com Trump.
Giuliani é um dos maiores porta-vozes das alegações do ex-presidente de que houve fraude na eleição de 2020 –a Justiça americana nunca encontrou nenhum sinal de que tenha ocorrido algo do tipo. No ano passado, um tribunal de Nova York suspendeu a licença do advogado, alegando que ele fez “declarações comprovadamente falsas e enganosas” sobre o caso.
O cerne da investigação que agora atinge o ex-prefeito é uma ligação feita por Trump ao então secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, em 2 de janeiro de 2021. Na chamada telefônica, o político teria pedido ao secretário para “encontrar” 11.780 votos necessários para reverter sua derrota. Segundo os promotores do caso, Giuliani também conversou com Raffensperger sobre o assunto.
Analistas dizem que as conversas podem configurar ao menos três violações à legislação da Geórgia: conspiração para fraudar eleição; solicitação de crime para fraudar eleição; e interferência intencional no desempenho de funções eleitorais. O Departamento de Justiça dos EUA também investiga o caso.
Os reveses se somam a um cerco promovido nos últimos dias a Trump. No domingo (14), líderes do Comitê de Inteligência, órgão bipartidário do Congresso, pediram que o Departamento de Justiça dê acesso ao material sigiloso que foi encontrado na casa de Trump em operação do FBI no último dia 8.
A solicitação, feita pelo democrata Mark Warner e pelo republicano Marco Rubio, inclui avaliação sobre potenciais danos à segurança nacional em função de possível manuseio incorreto dos papéis, segundo um porta-voz do órgão encarregado de supervisionar o tratamento de informações confidenciais.
O pedido integra a intensificação da pressão parlamentar por detalhes sobre o conteúdo dos arquivos e a inédita operação policial no imóvel do político na Flórida.
Trump é investigado por possíveis crimes de espionagem, obstrução da Justiça e destruição de materiais do governo. No último dia 8, agentes do FBI retiraram 20 caixas de sua mansão em Mar-a-Lago, contendo 11 conjuntos de documentos com algum tipo de classificação sigilosa. Alguns pertenciam a categorias que só autorizam a visualização dentro de instalação segura do governo. O conteúdo dos arquivos, porém, ainda é desconhecido.
O deputado Mike Turner, principal republicano no Comitê de Inteligência da Câmara, disse à CNN que o governo de Joe Biden deveria fornecer mais detalhes sobre o que motivou a busca. “O Congresso está dizendo: ‘Mostre-nos. Queremos saber: o que o FBI disse? O que eles encontraram?’.”
A abertura da investigação, porém, poderia expor fontes de informação e outros pormenores sobre a natureza dos documentos. Tal procedimento é altamente incomum e exigiria a aprovação judicial, segundo a agência Reuters. De acordo com o jornal Financial Times, o líder democrata do Comitê de Inteligência, Adam Schiff, pediu que seja feita uma revisão dos danos aos interesses dos EUA devido à decisão de Trump de manter um “tesouro de materiais secretos” após deixar a Casa Branca.
“O fato de que eles estavam em um lugar inseguro, guardado com nada mais do que um cadeado, é profundamente alarmante”, declarou à CBS.
A imprensa americana cita que nos papéis pode haver informações sobre pesquisas nucleares –o que Trump nega.

Fonte: FolhaPress