No Mundo
Sábado, 20 de abril de 2024

Senadores dos EUA pedem acesso a documentos secretos apreendidos com Trump

Líderes do Comitê de Inteligência do Senado, órgão bipartidário do Congresso americano, pediram neste domingo (14) que o Departamento de Justiça dos EUA forneça acesso ao material sigiloso que foi encontrado na casa do ex-presidente Donald Trump no último dia 8.
A solicitação, feita pelo democrata Mark Warner e pelo republicano Marco Rubio, também inclui uma avaliação sobre potenciais danos à segurança nacional em função de um possível manuseio incorreto dos documentos, informou um porta-voz do comitê encarregado de supervisionar o tratamento de informações confidenciais.
O pedido ocorre em meio a uma intensificação da pressão parlamentar por detalhes sobre o conteúdo dos arquivos e sobre a inédita operação policial na casa do ex-presidente. Enquanto os democratas se concentram na gravidade legal do caso, os republicanos expressam ceticismo e criticam os motivos que embasam a busca.
Trump está sendo investigado por possíveis crimes de espionagem, obstrução da Justiça e destruição de materiais do governo. Na última segunda-feira, agentes do FBI retiraram 20 caixas de sua mansão em Mar-a-Lago, contendo 11 conjuntos de documentos com algum tipo de classificação sigilosa
Segundo o jornal Financial Times, o líder democrata do Comitê de Inteligência da Câmara, Adam Schiff, pediu que seja feita uma revisão dos danos aos interesses dos EUA devido à decisão de Trump em manter um “tesouro de material secreto” após deixar a Casa Branca em janeiro de 2021.
“O que é, para mim, mais perturbador aqui é o grau em que . . . parece ser intencional, por parte do presidente -a manutenção desses documentos depois que o governo os solicitou de volta. E isso adiciona outra camada de preocupação”, disse Schiff.
Segundo ele, documentos ultrassecretos ou classificados como de “Informações Compartimentadas Sensíveis” podem causar danos extremamente graves à segurança nacional se forem divulgados. “O fato de que eles estavam em um lugar inseguro que é guardado com nada mais do que um cadeado, ou qualquer segurança que exista num hotel, é profundamente alarmante”, declarou à emissora CBS.
Já o deputado Mike Turner, o principal republicano no Comitê de Inteligência da Câmara, disse à CNN no domingo (14) que o governo de Joe Biden deveria fornecer mais detalhes sobre o que motivou a busca. “O Congresso está dizendo: ‘Mostre-nos. Queremos saber: o que o FBI disse? O que eles encontraram?'”, indagou.
O material retirado da casa de Trump pelos agentes do FBI continha 11 conjuntos de documentos com algum tipo de marcação confidencial ou secreta. Alguns, inclusive, pertenciam a categorias que só autorizam a visualização dentro de uma instalação segura do governo. O conteúdo dos arquivos, porém, ainda é desconhecido.
Na imprensa americana, há menções de que os documentos incluem informações sobre pesquisas nucleares. No Telegram, o ex-presidente disse que a alegação “é uma farsa”.
Na quinta-feira (11), após uma série de acusações de perseguição política, o procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, secretário do Departamento de Justiça, ao qual o FBI é subordinado, foi à TV dizer que aprovou pessoalmente a operação, indicando só ter tomado essa decisão após tentar medidas menos invasivas antes.
Contudo, a pressão dos aliados do presidente continua. Neste domingo, republicanos intensificaram os pedidos para a divulgação de uma declaração do FBI mostrando a justificativa detalhada que levou um juiz federal a emitir o mandado de busca na casa de Trump. A abertura de tais declarações, que poderia expor fontes de informação e outros pormenores sobre a natureza dos documentos, é altamente incomum e exigiria a aprovação judicial, segundo a agência Reuters.
“O Departamento de Justiça deveria mostrar que esta não era apenas uma ‘expedição de pesca’, que eles tinham a devida razão para entrar e fazer isso, que eles esgotaram todos os outros meios”, disse o senador republicano Mike Rounds à NBC. “Se
Os pedidos dos republicanos ocorreram em meio a relatos de que o FBI e o Departamento de Segurança Interna estariam notando um aumento das ameaças aos agentes após a busca na casa de Trump.
Em comunicado, o FBI disse estar sempre preocupado com ameaças à aplicação da lei e que trabalha com outras agências para avaliar e responder a tais questões, “que são repreensíveis e perigosas”.
O deputado republicano Brian Fitzpatrick, ex-agente do FBI e promotor da Pensilvânia, disse estar preocupado com a segurança dos policiais federais, acrescentando que “todo mundo precisa pedir calma”. Ao programa “Face the Nation” da CBS, ele disse que a operação “foi uma ação sem precedentes que precisa ser apoiada por uma justificativa sem precedentes” e a declaração de causa provável mostraria se esse padrão foi alcançado -mesmo que fosse mostrado aos legisladores em um briefing confidencial.
“Eu encorajei todos os meus colegas da esquerda e da direita a reservar os julgamentos e não se antecipar, porque não sabemos o que esse documento contém. Vai responder a muitas perguntas.”

Fonte: FolhaPress